Quatro nova-andradinenses percorrem o ''Caminho da Fé'' até o santuário de Aparecida

Na semana em que se celebram os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, os devotos saíram de Águas da Prata e vão percorrer 318 km até a chegada na quinta-feira (19)

Glaucia Piovesan, Da Redação


O desafio de uma peregrinação. Na semana em que se celebram os 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida, quatro nova-andradinenses percorrem o "Caminho da Fé". Os irmãos Claudio e Claudionor Liberato, o primo José Liberato e o amigo Robson Cantarella saíram no dia 10 de outubro a partir do ramal Águas da Prata (SP) e estão percorrendo 318 quilômetros de romaria por estradas de terra em meio a serra até o santuário de Aparecida (SP).

É a devoção à Santa Padroeira do Brasil! O Jornal da Nova conversou com Claudio Liberato na noite de domingo (15), minutos antes de ser exibida uma reportagem especial sobre este tema. Eles estavam hospedados numa pousada em Paraisópolis (MG), após encerrarem o quinto dia de romaria. Naquele dia, haviam percorrido 38km em 12h.

O grupo saiu de Águas da Prata no dia 10 de outubro, com uma mochila nas costas apenas com água, frutas, barras de cereal, lanchinhos e algumas peças de roupa. Nenhuma equipe de apoio os acompanha. Apenas a fé, que os move dia e noite, faça chuva, ou faça sol.

Claudio Liberato é um dos idealizadores da aventura e conta que esta é a quarta vez que se lança a fazer este desafio. “O caminho é maravilhoso, com trechos de subida íngreme, descidas intensas, onde a dificuldade é alta. É bruto mesmo. É necessário uma preparação física e um planejamento com alguns meses de antecedência. A experiência humana é fantástica”, comenta.

Força, foco e fé. Isso é o que move os devotos de Nossa Senhora. “O sol para cada um é grande, mas vamos tratando nossas bolhas com gelo e tratando para nos preparar para os dias seguintes. O que acontece é algo mágico. Apesar das dificuldades, a gente consegue superar tudo. As pessoas se ajudam muito. Muitas vezes no caminho, entramos em oração, conversamos com Deus e nos sentimos com mais força para enfrentar os obstáculos”, revela Claudio.

O peregrino conta que a gratidão e a devoção a Santa acompanha toda a sua família. O seu pai, o dentista Pedro Liberato da Rocha, aos 51 anos, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) no ano de 1977. Por conta disso, tinha dificuldades para andar, trabalhar e até mesmo de executar tarefas simples do dia a dia.

Na esperança de se restabelecer fez promessa a Nossa Senhora: caso voltasse a andar, caminharia a pé até Ivinhema para assistir à missa de inauguração da igreja daquela cidade. Nesta celebração, a imagem de Nossa Senhora, vinda de Aparecida (SP) estaria presente. “Mesmo ainda não tendo se curado e com problemas de saúde, meu pai resolveu pagar a promessa. A gente não acreditava que ele ia conseguir, mas a sua fé o movia e não o deixava desistir. No dia 7 de agosto de 1977, ele chegou em Ivinhema, após percorrer mais de 60 quilômetros, a pé. Após cumprir a promessa, ele ficou mais debilitado, mas com o decorrer dos dias foi melhorando, até as sequelas desaparecerem e ele voltar a ter uma vida normal”, conta emocionado.

Exatamente, 10 anos depois, no dia 12 de outubro, José Liberato da Rocha, faleceu aos 61 anos. “Nossa Senhora Aparecida veio ao seu encontro para buscar o seu filho”, relembra.

Ele diz que agora segue os passos e o exemplo do pai. A primeira viagem até Aparecida foi em 2013. No ano seguinte, repetiu a experiência. Em 2016, voltou. Agora, ano em que se comemora os 300 anos da aparição da Santa Padroeira do Brasil, resolveu renovar seus votos de fé.

No caminho, Claudio disse que encontrou outros devotos e ouviu relatos e histórias de sacrifício e de gratidão pela Santa. Revela também que está vendo uma evolução muito grande na trilha, no que diz respeito a infraestrutura e sinalização para os peregrinos. “As placas de sinalização e a estrutura de apoio aos fiéis está cada vez melhor. Isso porque isso movimenta a região e gera renda às famílias. Os próprios moradores construíram as pousadas e recebem os romeiros. A expectativa é que somente este ano 12 mil pessoas percorram este caminho. A estrutura é simples, mas o principal é o aconchego humano”.

Nesta segunda-feira, o grupo partiria às 4 horas da manhã, com destino a Canta Galo. A cada trecho percorrido recebem um carimbo e ao final, um certificado de peregrino. Em média, são 32km por dia. Num dos pontos, eles chegaram até a utilizar bolsas de gelo da equipe do Fantástico, que acabou esquecendo e deixando para trás.

“O cansaço é grande. O gelo e as pomadas nos ajudaram a diminuir os inchaços e as bolhas. No outro dia, já estamos melhores e prontos para encarar mais um dia. Eu poderia estar na praia, tomando uma cerveja. Mas, faço esse caminho como forma de agradecimento pela vida e por tudo que temos. O crescimento interior é algo incrível, aprendemos a meditação e a desenvolver a espiritualidade. Sentimos a força de Deus no caminho. Eu indicaria essa experiência para todas as pessoas, católicas ou não”.

O caminho da fé existe há 14 anos e é inspirado no caminho de San Thiago da Compostela. Até hoje, 40 mil peregrinos percorreram o trajeto até Aparecida.  

Ao finalizar o percurso, no dia 19 de outubro, os nova-andradinenses devem chegar até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. “Cada viagem, cada peregrinação é uma luta, uma história de gratidão, de alegria. Depois disso, nunca somos os mesmos. É uma experiência para a vida toda”, finaliza.

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