Nova fase de atuação do Gaeco mirou PMs que atuam em divisas com outros estados

Promotores querem descobrir como cargas de cigarro atravessavam MS

Correio do Estado


A segunda fase da Operação Oiketikus, que desmantela esquema de contrabando capitaneado por policiais militares em Mato Grosso do Sul, teve como foco a atuação em batalhões de cidades que fazem divisas com outros estados.

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Segundo o “Portal Correio do Estado” apurou, policiais militares de Três Lagoas, Naviraí e Brasilândia foram ouvidos na manhã desta quarta-feira (23) na condição de fornecerem detalhes sobre como os colegas corruptos agiam para garantir o transporte de produtos como cigarros e pneus contrabandeados de Bolívia e Paraguai aos estados vizinhos, mais especificamente Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

O objetivo do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual é traçar toda a rota do contrabando desde o momento em que entrava em Mato Grosso do Sul, com parte desviada para abastecimento do mercado interno e parte transportada internamente para os outros mercados.

"Os questionamentos (dos promotores) giravam em torno de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e em materiais e documentos apreendidos durante a operação. Eles queriam detalhes e esclarecimentos a respeito de conversas e documentos encontrados", disse uma das testemunhas ouvidas na manhã.

No pedido de prisão preventiva feito pelo Gaeco ao juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, que culminou na detenção de 21 policiais militares na primeira fase da operação, no último dia 16, descobriu-se que para facilitar o andamento do esquema, a quadrilha foi dividida em dois núcleos, sendo um da região de Jardim/Bela Vista/Bonito e outro de Dourados/Maracaju/Mundo Novo.

O primeiro, supostamente liderado pelos oficiais presos na operação, os tenentes-coronéis Admilson Cristaldo Barbosa e Luciano Espíndola da Silva e o major Oscar Leite Ribeiro, e o outro por demais PMs recrutados.

“Foi possível constatar o estreito relacionamento entre os investigados e conhecidos contrabandistas de cigarros com atuação em Mato Grosso do Sul, podendo ser citados Kelvis Fernando Rodrigues, o Cabelo, Alcides Carlos Grejianim, o Polaco, Ângelo Guimarães Ballerini, o Alemão, entre outros”, diz o pedido de prisão.

Segundo o advogado Edmar Soares da Silva, da Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ACS), até 12 pessoas serão ouvidas ao todo até o final do dia pelo Gaeco. Desses, quatro são policiais militares. O defensor, contudo, não explicou se são testemunhas novas ou ainda PMs que já foram ouvidos na semana passada.

Procurados, MPE, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e comando da PM não responderam sobre os desdobramentos da operação e se houveram novos presos.

No pedido de prisão, o Gaeco revela que até 31 policiais militares estariam envolvidos no esquema, além de outros agentes da segurança pública, inclusive de outros estados, motivando a investigação. Os corruptos recebiam até R$ 100 mil por mês para dar trânsito livre ao contrabando.

Para o Gaeco, as “organizações criminosas especializadas na atividade acabaram por penetrar na estrutura estatal, no caso, dentro das forças de segurança das mais variadas corporações, (policiais civis, militares e rodoviários federais), dando azo a uma estrutura paralela, formada por agentes corruptos de diversos níveis de atuação e de hierarquia”.

Investigadores descobriram que um “mensalão” era pago a militares conforme a posição que cada integrante ocupava dentro da organização criminosa e também de acordo com a patente de cada um deles.

Para desvendar como a quadrilha funcionava, além de gravações telefônicas, os sigilos bancário, fiscal e telemático (de meios de comunicação) dos envolvidos foram quebrados. A maior parte dos policiais começou a se envolver com o crime organizado em 2016, mas as investigações indicam contribuição dos militares com o contrabando desde 2015. 

À reportagem pela manhã desta quarta-feira, Silva disse que as provas contra os policiais militares são "frágeis." Ele acredita que os acusados vão responder ao processo em liberdade. Segundo ele, três, dos sete presos no dia 16, tiveram pedidos de habeas corpus negados pela Justiça. Outros quatro pedidos de liberdade serão analisados. 

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