Marcas do passado

*Felipe Pereira


Postei-me sobre o parapeito da janela do décimo primeiro andar; em baixo os carros circulavam despreocupados sob a luz da lua que estava redonda e brilhante, lançando vida para a terra. Havia poucas estrelas, pois o céu jazia meio nublado. Fazia um frio suave e não muito gélido.

Fiquei por horas olhando pela janela. Minha mente captava o transito parcialmente, a outra parte de meus pensamentos foi para uma época distante onde havia alegria em meu peito, e não essas velhas chagas. Era uma época boa, minha esposa me abraçava todos os dias; havia amor em nosso lar e brevemente a família se expandiria.

Meus dias naqueles tempos eram corridos e agitados, uma casa para administrar e uma mulher grávida que necessitava de atenção dobrada, pois a gravidez era de risco. Porém a vida gosta de ferir corações e fazer piadas cruéis. O fruto que estava no ventre de minha esposa falecera e juntamente minha mulher. Recordo com tristeza aqueles dias ruins. Lembro-me do corre-corre no hospital e do médico dando a notícia do óbito de mãe e filho. Meu coração e minha alma viraram farelos.

Hoje aqui nesta janela trago novamente essas lembranças, essas antigas cicatrizes. Senti por um momento a alegria de ser pai, e num passe tudo se foi. Segui em frente da maneira que consegui. Deixo as lágrimas caírem, e talvez assim eu tenha um pouco de paz.

*Estudante de contabilidade e morador de Nova Andradina 

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