Preso pelo Gaeco, PM acumulava elogios por doar sangue e trabalhar em festas

Ricardo Campos tinha 21 elogios e nunca recebeu punição

Correio do Estado


Na contramão do que vem sendo revelado pelo Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o policial militar Ricardo Campos Figueiredo, preso durante a Operação Oiketicus, que investiga esquema de contrabando de cigarros, não sofreu nenhum punição em mais de 10 anos de carreira. Pelo contrário, foram 21 elogios, a maioria concedidos por superiores dele.

Conforme consta em ação penal militar contra o policial, Ricardo recebeu 20 elogios individuais, além de um coletivo. Entre as honras concedidas militar, há uma por ter efetuado policiamento na ‘Festa do Peixe’, em Coxim, em 1999, outra por ter trabalhado com “energia, dedicação e eficiência” no Carnaval, e ainda por cumprir plantão na ‘Festa do Porco no rolete’, em São Gabriel do Oeste, no ano de 2004.

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Em outras três ocasiões, Ricardo recebeu elogios por doar de sangue, ato considerado de “solidariedade e espírito de humanidade”, conforme consta nos registros  disponibilizados pela Polícia Militar à Justiça.

Também foram concedidos elogios ao militar por prisões de traficantes e assaltantes, e participação em troca de tiros com bandidos, além da “absoluta dedicação e esmero” do policial à segurança do governador Reinaldo Azambuja, da vice-governadora Rose Modesto, e de familiares deles, sendo este o último elogio concedido ao policial no ano de 2015.

Liberdade negada

Durante audiência realizada ontem, em Campo Grande, o juiz Alexandre Antunes da Silva ouviu as testemunhas de defesa de Ricardo Campos Figueiredo e negou pedido de liberdade a ele.

Prestaram depoimento o coronel Kleber Haddad Lane, comandande do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), e Jeferson Villa Maior, tenente-coronel da Polícia Militar Ambiental. Foi ouvida ainda uma terceira testemunha que tem laços familiares com o investigado.

Na ocasião, a defesa reiterou pedido de liberdade provisória, alegando, assim como na primeira audiência realizada no dia 5 deste mês, que Ricardo “não atenta contra a hierarquia e disciplina militar, bem assim que não representa perigo à ordem pública, à instrução processual, nem mesmo à aplicação da lei penal”.

Entretanto, o Conselho Permanente de Justiça indeferiu o pedido, considerando que o mesmo já foi analisado anteriormente, negado e que no momento ainda não há elemento capaz de alterar tal decisão.

Prisão

Ricardo é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, por suspeita de envolvimento com a máfia de contrabandistas de cigarro, juntamente com outros policiais militares. 

No dia 16 de maio, o Gaeco Deflagrou a Operação Oiketicus para desarticular o esquema que beneficiava policiais corruptos que agiam em Mato Grosso do Sul. Ao todo, 20 deles foram presos.

Na ocasião, Ricardo foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de uso restrito e obstrução da justiça pois, ao perceber a chegada de agentes do Gaeco, destruiu seus celulares que poderiam conter provas. 

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