Tempo
De que tempo falamos?
Do seu ou do meu?
De quem?
O tempo do relógio?
O tempo de quem tem pressa?
Ou de quem tem calma?
Tempo de quem observa os movimentos?
Ou daqueles que se movimentam
Na esfera da terra, do sol e da lua?
Um tempo que passa
Que cura e que mata.
De que tempo tanto falamos?
O tempo de um não é o do outro.
Como se conciliam os encontros?
E o tempo sem compromisso?
Como se mede?
Com o que se compara?
O tempo de uma mãe com seu filho no parque?
Ou do homem passante, que os encara?
E no vislumbre sente
Como se fosse dele esse tempo.
Mas seu trabalho o aguarda e quem sabe
Ainda hoje beije seu filho acordado.
O tempo da médica que atende ao chamado?
Que devora seu tempo para salvar,
Ou o tempo do outro que não a espera.
E morre?
O tempo da noiva que atrasa?
Ou do noivo que anseia?
Do idoso cheio de historias pra contar
Ao tempo de ninguém para ouvir.
As horas aceleradas do dia
Findam na noite vazia
Onde estrelas cintilam
O atido, o tempo ido,
Vivido ou nem nascido.
Somos escravos do tempo
Dos segundos já minutos,
Horas, dias, meses, anos.
Lutas e rugas, danos e dores,
Tempo que constrói que inicia,
Tempo que é fim e destino.
O tempo é o carcereiro de nós
Em celas dissimuladas de horas,
Que nos prendem num período infinito
De atos inalteráveis.
Da espera e da chegada.
Um tempo reconhecido precioso e raro,
Somente quando o relógio para.
*Escritora e autora de três livros em Nova Andradina; “No seu olhar, No seu sorriso e Como está a sua Fé”.