PC de Ivinhema desmonta plano sobre assassinato e prende envolvidos no crime

Entre os presos está a esposa da vítima e seu irmão

Da Redação


Na manhã desta quinta-feira (21), a Polícia Civil de Ivinhema deflagrou a “Operação Latrodectus”, que resultou na prisão de quatro envolvidos na morte do empresário Jonatahan Marcelo Fernandes de 28 anos, proprietário da Serralheria Bom Jesus, em Ivinhema. Um quinto envolvido permanece foragido.

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Jonathan Marcelo foi alvejado com três disparos de arma de fogo em frente ao seu estabelecimento comercial, depois de passar o dia visitando granjas da região de Ivinhema a trabalho.

Ao chegar em sua empresa, no final da tarde do dia 5 de julho de 2018, um motociclista conduzindo uma Honda/CG 150 de cor vermelha, acertou os disparos na vítima enquanto ela falava ao telefone na calçada em frente à serralheria.

Conforme levantou a Polícia Civil, após cerca de seis meses de investigações, conduzidas pelo Delegado de Polícia Civil Caio Henrique de Mello Goto, identificou-se a cadeia de envolvidos no crime, tendo o empresário sido morto a mando de sua esposa Kelly Francine Vioto Fialho de 28 anos, com quem a vítima possuía dois filhos, auxiliada por seu irmão e cunhado da vítima, Geovane Vioto Fialho de 25 anos.

De acordo com as informações, a viúva e seu irmão teriam contatado um amigo apelidado de “Pikachu”, e oferecido a quantia de R$ 30 mil para que ele encontrasse um executor.

Depois de apanhar R$ 10 mil para si, “Pikachu” contatou Leandro Bazan Cruz Argilero de 24 anos, o qual também retirou sua parte do montante de dinheiro, e repassou a sobra e a tarefa de matar a vítima ao executor Johnny Alves da Silva de 22 anos.

Conforme informado pela Delegada de Polícia Adjunta de Ivinhema, Dra. Gabriela Ribeiro de Souza e Violin, o casal de irmãos Kelly e Geovane Fialho entregou a arma do crime ao intermediário “Pikachu”, que a repassou até que chegasse ao executor, através de Leandro Bazan. A arma, segundo as investigações, foi depois vendida a um terceiro ainda não identificado, pelo valor de R$ 2,3 mil em um grupo de WhatsApp.

“Depois de apurarmos toda a cadeia de distribuição dos R$ 30 mil que foram repassados pelos mandantes a título de pagamento pela execução, apuramos também que os dois mandantes arquitetaram um plano para que Johnny, o autor dos disparos, se entregasse sozinho e ocultasse o envolvimento dos outros quatro envolvidos. A informação é de que eles pagaram a Johnny o valor de R$ 50 mil para convencê-lo a se entregar. A mandante afirma expressamente em diálogo com um terceiro, que pelo valor pago para que ele se entregasse, dormir com 200 homens em uma cela não seria problema”, pontuou o Delegado Caio Goto.

Um advogado de Dourados, conforme informou a Polícia Civil, teria inclusive marcado um horário com o Delegado para a entrega do executor nesta quarta-feira (20), a fim de esconder o envolvimento principalmente dos irmãos Kelly e Geovane. Mas devido a resistência de Johnny em se entregar, remarcaram sua apresentação para a manhã desta quinta-feira (21). Porém, a operação foi deflagrada ainda na madrugada de hoje, impedindo a consumação do plano para enganar a Justiça e deixar impunes os outros envolvidos.

“Enquanto arquitetavam o que se pode chamar de um plano sórdido para iludir a Polícia Civil e deixar impunes os mandantes do crime, a investigação já se mostrava à frente do que era planejado. Ainda ontem à tarde monitoramos que a mandante Kelly se reuniu com familiares de um dos envolvidos, em uma granja na área rural, para combinar o discurso que todos deveriam falar em depoimento, a fim de que as informações estivessem de acordo com o que o executor diria ao se entregar”, esclareceu o Delegado.

Apurou-se, também, que durante a montagem da fraude, com o objetivo de comprar o silêncio de um dos envolvidos, Kelly Fialho inclusive custeava um advogado a ele, já que tinha medo de que ele confessasse o crime e entregasse os demais. “A mandante, com o acordo de seu irmão, chegou a entregar um carro para a família de um dos envolvidos, que não tinha meios de se locomover, temendo que ele contasse o plano sobre a morte da vítima. Tudo para garantir o silêncio e permanecer na impunidade”, disse o Dr. Caio.

A Delegada Gabriela Violin esclareceu também que, nesse caso, responderiam os autores não somente pelo crime de homicídio qualificado, como também por fraude processual qualificada, totalizando uma pena mínima, somada, de 12 anos e 6 meses de reclusão, podendo chegar a 34 anos. “Lembrando que o crime de homicídio qualificado é classificado como crime hediondo pela legislação, e impõe sérios gravames àquele que é por ele condenado”.

A equipe da Delegacia de Polícia de Ivinhema ainda levantou a informação de que a arma utilizada no crime pertencia à própria vítima, Jonathan Marcelo Fernandes, e que no dia do fato todas as câmeras do estabelecimento comercial se encontravam desligadas. “Os funcionários foram todos dispensados mais cedo. Um deles insistiu para ficar, pois tinha tarefas pendentes na empresa, mas sem sucesso. A mandante insistiu que ele fosse embora naquele dia. Pouco depois de sair da empresa, o funcionário recebeu a notícia de que seu patrão havia morrido na calçada em frente à serralheria”, contou o Delegado Caio Goto.

De acordo com a Polícia Civil, a vítima não morreu no local, e ainda teve tempo de pedir socorro para um amigo que ouviu os disparos, de dentro do prédio da empresa. “Antes de o Jonathan morrer ele ainda falou com o amigo que o socorreu, mas não resistiu quando chegou no hospital”.

Em relação a motivação do crime, a Delegada Gabriela Violin disse que a mandante tinha ciúmes de um segundo relacionamento de Jonathan Marcelo, e que o cunhado Geovane não admitia que a vítima a deixasse com duas crianças e arrumasse outra esposa. “A mandante estava grávida do segundo filho da vítima quando ocorreu o homicídio, fato que demonstra a frieza e crueldade com que ela agiu ao planejar tudo”.

Segundo a Polícia Civil, todos os envolvidos presos serão encaminhados aos estabelecimentos penais masculino e feminino, onde aguardarão julgamento. A polícia segue nas buscas por Geovane Vioto Fialho, que está acompanhado de seu namorado, e é considerado foragido. O auxílio na captura pode ser feito através de denúncia anônima em qualquer Delegacia de Polícia do Estado.

“No final de tudo, não há armas nem dinheiro, há duas crianças sem pai e uma família destruída”, disse o Delegado Caio Goto.

O Poder Judiciário em Ivinhema, a pedido do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil, decretou a prisão preventiva de Kelly Francine Vioto Fialho, Geovane Vioto Fialho, Leandro Bazan Cruz Argilero e Johnny Alves da Silva. Apenas Geovane permanece foragido. Um quinto envolvido já se encontrava preso temporariamente desde a semana passada.

“Latrodectus mactans” é o nome científico da aranha popularmente conhecida como viúva-negra. As informações são da Polícia Civil

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