Por mais que já tenham vivido situações de estresse durante os anos de Polícia Militar, tanto o capitão Ricardo Folkis quanto o tenente Wellington Reis da Silva dificilmente imaginavam o que de fato encontrariam no curso antissequestro que participaram.
As situações mostradas no filme “Tropa de Elite”, em que policiais são preparados para ingressar no Bope, ficariam saborosas diante da realidade que os dois encontraram na selva colombiana.
Banho gelado às 5 da manhã sob um frio de rachar foi o menor dos sofrimentos. Muitas vezes, eles pensaram em tocar o sino da desistência, mas estavam lá para honrar a farda da Polícia Militar paulista. E conseguiram.
Os policiais dos 3º e 4º Batalhões de Choque enfrentaram 55 dias de treinamento sob frio intenso em Cibaté, cidade a 35 km do centro de Bogotá, na Colômbia.
O capitão Folkis e o tenente Wellington participaram da 9º versão internacional do Canti - Curso Antissequestro e Antiextorsão. Dos 35 policiais que iniciaram em 25 de abril, só 16 chegaram ao final.
Do “Canti”, participaram membros das forças policiais e de segurança de oito países, além do Brasil e da Colômbia.
“Uma grande dificuldade que tivemos no inicio foi lidar com a altitude. São 2.700 metros acima do nível do mar e o impressionante é que parece que o país é feito só de montanhas”, conta Folkis. “No começo, dá muita dor no peito, vermelhidão e falta de ar, mas depois você se acostuma”, diz. O oficial foi para a Colômbia como tenente mas voltou capitão, pois foi promovido nesse período.
Gaula
O Canti - Curso de Antissequestro e Antiextorsão foi oferecido pela Polícia Nacional da Colômbia e ministrado em 320 horas. O curso é organizado pelo Gaula, uma unidade de elite criada exclusivamente para prevenção de sequestro e extorsão.
O Curso
As duas primeiras semanas foram de aulas teóricas em que os alunos aprenderam sobre a legislação e a constituição colombiana. Em 2000, o país chegou a registrar cerca de 3 mil casos de sequestro, incluindo aqueles em que assaltantes fazem reféns para se protegerem ou fazerem exigências. Pouco mais de uma década depois, o número dessas ocorrências caiu mais da metade.
Com as aulas teóricas finalizadas, foi a vez da prática. Armas não faltaram. Segundo Folkis, havia contêineres cheios de munição e armas prontas para o uso dos alunos. Entre os armamentos, havia as chamadas “de ultima geração” e fuzis que ainda não são usados pelos brasileiros.
“A gente aprendeu a utilizar os principais armamentos que os colombianos usam no combate urbano e rural, que são o fuzil e a carabina M4, calibre 556, bastante semelhantes ao AR15 ou M16, que conhecemos no Brasil”, explica.
Os alunos tiveram aulas sobre o fuzil Barret.50, que atinge o alvo a 3 quilômetros e é utilizado por atiradores de elite. As pistolas Glock 9 mm, ou Glock 17, e a espingarda calibre 12 também estiveram entre as armas usadas no “Canti”.
Multiplicação
Segundo o comandante do 4º Batalhão de Choque, tenente coronel Nivaldo Restivo, o treinamento que o capitão Folkis e o tenente Wellington receberam na Colômbia será repassado para outros integrantes do Gate, Grupo de Ações Táticas Especiais da PM.
“O que aprenderam será explicado principalmente para a 2º Companhia porque tem a ver com explosivos. Apesar do nosso conhecimento ser bastante vasto, é sempre útil agregar um detalhe ou outro que ainda não conhecemos”, explica o comandante.
Gate
O Grupo de Ações Táticas Especiais é subordinado ao 4º Batalhão de Choque.
“No 4º Batalhão, há a 1º Companhia, que faz patrulhamento em local de risco e busca de pessoas em mata, a 2º, que é o Gate e atua em ocorrências com reféns e envolvendo artefatos explosivos e a 3º, que é o canil.”, resume o tenente coronel.
Assessoria
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