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Maiores multinacionais do planeta não divulgam doações políticas
Um relatório da organização Transparência Internacional revelou que mais da metade das 105 maiores empresas multinacionais do planeta não são transparentes em relação à doações para campanhas políticas.
Redação
O estudo, divulgado nesta terça-feira, analisou as políticas anticorrupção adotadas e tornadas públicas pelas multinacionais.
Também foram estudados o grau de transparência organizacional e de divulgação de dados financeiros sobre suas subsidiárias e filiais.
Apenas 26 das 105 multinacionais obtiveram nota máxima em matéria de divulgação de doações de campanha. Outras 23, diz o estudo, só parcialmente tornam essas informações públicas.
A grande maioria, por outro lado, toma medidas como a adoção de canais confidenciais para denúncias de corrupção (85) e proibição de retaliações contra denunciantes (84).
Apesar das deficiências, o relatório "Transparência na relação Corporativa: Avaliando as Maiores Companhias do Mundo" identificou melhora na divulgação de políticas anticorrupção.
Em uma escala na qual 100% significa transparência total, em média, as multinacionais subiram de 47% em 2009 (data do relatório anterior) para 68% atualmente.
A organização diz, porém, que a publicação de programas anticorrupção não garante que as multinacionais os cumpram integralmente.
A Transparência Internacional afirma ainda que as grandes multinacionais precisam ser mais transparentes. Segundo Corbus de Swardt, diretor da entidade, elas continuam sendo "uma parte importante do problema da corrupção no mundo" e por isso devem participar das soluções.
A organização sugere que subsídios de exportação e contratos públicos concedidos às empresas sejam vinculados por governos a políticas de combate à corrupção. Investidores, por sua vez, deveriam exigir padrões éticos e políticas de crescimento sustentável das multinacionais.
Ranking
As 105 multinacionais pesquisadas foram escolhidas por meio da lista das maiores empresas do mundo divulgada pela revista americana de finanças Forbes em 2010.
Juntas elas valem mais de US$ 11 trilhões (R$ 22 trilhões) e estão presentes em 200 países. Ao menos 77 delas tinham negócios no Brasil no ano passado, quando os dados foram compilados.
A maioria das companhias avaliadas (24) eram instituições financeiras - que, em bloco, foram consideradas as menos transparentes - , petroleiras (17), redes varejistas (17), empresas ligadas à saúde (11) e de tecnologia (11).
A Transparência Internacional elaborou um ranking das empresas mais transparentes em relação a políticas anticorrupção, divulgação de dados sobre holdings e subsidiárias em diversos países e detalhamento de operações financeiras nessas nações.
A empresa melhor colocada foi a petroleira norueguesa Statoil, com nota 8,3. Ela foi seguida pela Rio Tinto e pela BHP Billiton ambas de nacionalidades britânica e australiana e que tiveram nota 7,2.
As piores notas (1,7 e 1,1) foram atribuídas respectivamente à empresas chinesas Banco da China e Banco de Comunicações.
Multinacionais de alto valor de mercado ficaram em posições intermediárias no ranking da entidade. Entre elas a a ExxonMobil (US$ 308 bilhões) em 7º, a PetroChina (US$ 333 bilhões) em 28º, e a Microsoft (US$ 254 bilhões) em 34º.
Brasileiras
Apenas três brasileiras entraram na lista: Bradesco (nota 4,8), em 21º lugar, e Vale e Petrobras, empatadas em 22º com nota 4,7.
Delas, só a Petrobras teve seus níveis de transparência discriminados em uma avaliação da transparência Internacional de 2009 - possibilitando comparação com os dados atuais.
A porcentagem de transparência da petroleira brasileira em relação a políticas anticorrupção subiu de 64% para 92% no período.
Contudo, sua porcentagem em relação à existência de holdings, filiais e subsidiárias no exterior caiu de 69% para 50%.
A transparência nesse quesito, segundo a entidade, ajuda no combate à corrupção porque permite que a sociedade fiscalize as operações da empresa e até rastreie seus fluxos financeiros nos diversos países em que atua.
Das 105 avaliadas, só 45 multinacionais obtiveram porcentagem máxima de transparência nessa transparência organizacional.
A porcentagem de transparência da Petrobras também caiu de 18% para 0% em relação ao detalhamento de operações financeiras discriminadas por país nos quais atua.
A avaliação desse quesito, chamado pela organização de "país por país", é feita por meio da divulgação de informações financeiras a respeito de receitas, despesas, lucros líquidos e contribuições para comunidades locais.
Nele, a maioria das multinacionais avaliadas teve desempenho ruim. A melhor colocada, a Statoil, obteve apenas 50% de transparência. A pontuação média foi de 4%. O Bradesco também obteve 0% e a Vale ficou com 4,9%.
BBC Brasil
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