Uma vida sem dignidade, uma vida sem oportunidade

Redação


O drama de muitas pessoas que, por uma série de perdas, muitas vezes não por culpa própria, se encontraram privadas de uma das maiores necessidades da pessoa humana: uma casa, um lar, com tudo aquilo que isso representa, isto é aconchego, um mínimo de conforto, privacidade, calor humano, família.

Muita gente bebe e se torna alcoólatra, mas é mais na tentativa de fugir da realidade. Quem está morando na rua e depende de outros para comer um prato de sopa, não tem um lugar para tomar banho, tem toda a gente que passa começa a te olhar daquele jeito e você sabe que não tem um currículo, uma formação profissional, não está preparado psiquicamente para enfrentar um monte de problemas, coisas que o mercado exige. Muitos perderam a esperança porque conservaram o sonho. Muita gente não sonha mais.

Em meios aos misturados que se encontram na Praça Brasil, muitos já foram embora por conta própria, ou foram expulsos de quem realmente precisa de um lugar, de ser aposentado, de retirar seus documentos, de pessoas querendo se socializar, querendo realmente trabalhar.

“Estou neste estado não porque eu quero, fui jogado para fora de casa, separado da mulher do dia para noite, imagina você chegar em casa depois de um dia de trabalho e sua mulher não quer mais você, e a única casa que você tem é essa, sai de casa sem jantar, sem tomar banho com as malas prontas, fui pra rua, o que mais quero é só tirar meus documentos e tentar me aposentar e levar uma nova vida”, desabafa Jorge Luiz Bernardes de 64 anos.

“Eu tinha uma família aqui na cidade, até votei no prefeito Gilberto Garcia, a Assistência Social veio aqui, mas não temos condições de trabalhar, não tenho currículo, falta documentos, roupas adequadas para pedir um emprego, não tenho onde morar, minha família foi embora e eu fiquei, vivo nesta Praça não porque eu quero sim por falta de oportunidade, prefiro pedir do que roubar, muitas pessoas da sociedade vem trazer um arroz, um feijão, até carne trazem para nós, nos dias de frio foi complicado, mas dormimos juntos para passar o frio” complementa outro morador.

O morador de rua tem que descobrir tudo sozinho. Achar um trabalho é difícil. Se ele der o endereço do albergue, será discriminado. Não querem saber de pessoas de albergue, albergue para a sociedade é lugar de bandidos, de drogados, de bêbados. Existe também o problema da comunicação. O recado não chega. Ou não passam um recado de uma agência de emprego para ele se apresentar, ou passam com atraso.

E existe a questão da roupa. Se você não se apresentar no albergue com roupa de mendigo, sujo, rasgado, eles acham que não está apto para o albergue, está sendo visado como se estivesse usurpando a casa.

Comida ou as pessoas levam para eles ou eles saem pedindo de porta em porta, em último caso reviram lixos para comer restos de comida.

E assim eles levam a vida, comendo o que “caem do céu” e para passar o tempo bebem uma pinguinha. 

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