Cia Storm ministra aula de ritmos e hip hop e está buscando apoio para novos projetos

Atividade ajuda manter aberto espaço utilizado para ensaios, grupo se apresenta em competições de breaking dance e outros estilos de dança

Glaucia Piovesan, Da Redação


Quando se fala em street dance, hip hop, breaking, entre outros estilos de dança de rua, a referência em Nova Andradina e região é a Cia Storm. Vencedora de competições nacionais e internacionais, a companhia, que está na estrada há mais de 8 anos, tem atualmente 10 bailarinos fixos, que se reúnem diariamente para ensaios e o planejamento de projetos futuros.

Quem contou sobre o trabalho dessa moçada de talento foram dois integrantes do grupo: Júnior Lima e Rafael Vasconcelos, que também não fugiram de um assunto polêmico:  o preconceito com a dança, em especial, as danças de rua.

Júnior Lima começa sua entrevista contando um fato curioso. A Cia Storm nasceu, na verdade, como Grupo Requebra. Depois de alguns anos, houve a necessidade de mudar este nome porque muitas pessoas os confundia com grupos de “axé music”. Foi assim, que em 2009, surgiu a Cia Storm.

O entrosamento e a dedicação do grupo já rendeu várias conquistas no Brasil afora. Nos últimos anos, participaram em diversas edições do MS Street Dance, estiveram no Festival Mercosul, e dezenas de festivais. Como o título do festival de Rio Brilhante, realizado em 2013. Título do campeonato estadual de dança de Mato Grosso do Sul, nos anos de 2008, 2009 e 2012. Campeão do festival de Ilha Solteira (SP), em 2011. Além de um 3º lugar no festival de Maringá (PR), em 2012. 

O grupo mantém aberto um estúdio de dança onde ministra aula de ritmos e hip hop para jovens e adultos que gostam da atividade e utiliza este mesmo espaço para os ensaios, onde se preparam para as competições. “Temos 4 professores e as aulas nos ajudam a financiar este espaço locado, pois infelizmente não temos apoio cultural governamental”, informa.

Grupo durante apresentação - Foto: Arquivo Pessoal

O dançarino revela que todos os integrantes da Cia Storm tem outras atividades e empregos paralelos, pois não conseguem viver só do talento musical. “Isso é muito difícil no Brasil, não é a realidade mesmo. Nosso intuito com as aulas é apenas financiar o espaço, com o intuito de termos um lugar adequado para os ensaios”, detalha Juninho.

No tocante aos projetos futuros, o grupo aposta em duas vertentes de trabalho distintas. A primeira é levar a dança para os bairros e uma vez por mês fazer um evento nas praças públicas. “O intuito do nosso diretor geral, Fernando Gomes Gonsalves de Morais, é divulgar o trabalho do grupo e popularizar a dança”, diz Rafael.

A segunda é a preparação para competições e espetáculos e a promoção de eventos como o Festival de Danças Urbanas Vale das Ruas, já realizados por duas oportunidades em Nova Andradina. “Neste evento, trouxemos workshops, mostras de dança e competições com premiações em dinheiro. Então, sem patrocínios ficamos de mãos atadas, justamente por causa da questão financeira”, reclama Júnior.

Além do aspecto financeiro, a dificuldade é manter a formação da equipe que se apresenta nas competições. “Temos uma base, mas existe uma rotatividade no grupo. Mas, se mantivermos uma equipe durante 2 ou 3 anos, o nível das apresentações será cada vez melhor”.

Grupo já se apresentou em várias regiões do Estado, Brasil e até no exterior – Foto: Arquivo Pessoal

O preconceito

Para Rafael, a carência cultural com relação a música é latente no município, principalmente, quando se pensa em dança de rua. “A mídia contribuiu para melhorar um pouco a visão das pessoas na medida que mostrou nos comerciais e nos programas jornalísticos, mas ainda não dá valor”, analisa.

E não é apenas a questão de não dar valor a dança, o que também incomoda é o preconceito. “É nítido, mas isso acontece porque as pessoas não conhecem o que é o street dance ou hip hop. Elas associam a dança, as pessoas que não trabalham, que são desocupadas. Pelo contrário, através da dança é possível disciplinar uma criança. A dança é uma forma de expressão corporal e traduz um pensamento”, acredita o dançarino Junior. 

Outro aspecto do preconceito é com relação aos homens. Para alguns, a dança está ligada ao homossexualismo. No street dance, no entanto, isso não é tão evidente. “Dentro do hip hop tem vários estilos, o street dance, por exemplo, é mais praticado por homens, aí, o preconceito é com as mulheres. Agora, tem outros como o stileto, no qual é necessário o uso do salto alto para a dança, aí quem sofre discriminação é o homem. Isso acontece aqui em Nova Andradina, porém, em outras cidades isso é comum. É uma característica da cultural local”, comenta Rafael.

O grupo mantém aberto um estúdio de dança onde ministra aula de ritmos e hip hop para jovens e adultos - Foto: Arquivo Pessoal

Essa realidade só reforça a ideia inicial exposta por Júnior, de que muitos desconhecem a dança. “Quando entrei pra dança no departamento de cultura era o único garoto do grupo. Eu era muito zuado. As pessoas pensam em dança e tem a imagem do balé, põe tudo no mesmo balaio. Não é isso, muitos desconhecem o street dance”.

A inspiração para a criação das coreografias

Além de assistiram a vídeos de dança e competições realizadas em todos os cantos do planeta, a inspiração da Cia Storm não se restringe a aprender e decorar os passos, é preciso estudar, entender e aprofundar os conhecimentos sobre cada estilo.

“Tem que estudar para passar uma aula. Além disso, procuramos observar outras companhias nos campeonatos que participamos, absorver o máximo de conhecimento para quando voltarmos colocar isso nas próximas coreografias”.

E não é apenas a questão de não dar valor a dança, o que também incomoda é o preconceito - Foto: Glaucia Piovesan/Jornal da Nova

Interessados em fazer aulas de ritmos e hip hop - horários

As terças e quintas-feiras, a partir das 19h – Ritmos

As quartas e sextas-feiras, a partir das 19h – Stiletto

Contato pelo telefone (67) 99617-2766 (com Fernando Morais).

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