''Banda Killver marcou uma geração'', diz o vocalista Pedro Trotta Molinari

Grupo viveu seu auge entre 2006 e 2010. Hoje faz shows duas a três vezes por semestre em Nova Andradina

Glaucia Piovesan, Da Redação


Criada há pouco mais de 10 anos, a Banda Killver marcou a história do rock no Vale do Ivinhema e em todo Mato Grosso do Sul. Formada pelos amigos de infância Pedro Trotta Molinari (vocalista), Henrique Moraes (baterista), Júlio Mendonça (guitarrista), Fábio Wruck (tecladista) e Diego Madeiral (baixista), a banda viveu o auge entre 2006 e 2009 e nesta semana está na Sexta Cultura, seção criada pelo Jornal da Nova com o intuito de divulgar e valorizar a cultura regional.

O rock sempre esteve no DNA do grupo, pois no ambiente familiar de cada integrante, o estilo sempre dominou a preferência. De acordo com Pedro Trotta, desde crianças já ouviam Titãs, Legião Urbana, Guns N’ Roses, e outros ícones do rock mundial. “Minha família inteira sempre foi do rock. Eu sou primo do Henrique, o baterista, e como sou mais velho, mostrei muita coisa pra ele. O Fábio era meu vizinho e o Júlio um amigo muito próximo e sempre gostou do estilo. A mãe dele não perde um show nosso. Todos cresceram ouvindo o rock”, explica o vocalista, que nasceu em São Paulo.

Em 1998, nasceu a “Silver Tape”, quando Pedro teve sua primeira tentativa de formar uma banda de rock em Nova Andradina. “Era adolescente ainda, viajamos para várias cidades. Na época, colocamos duas músicas nas rádios e estivemos entre as mais tocadas. O rock tinha uma proporção maior, era mais forte na região, as bandas estavam em evidência e tínhamos mais acesso as rádios. Nesta época, o Henrique e o Fábio Wruck só assistiam aos ensaios desta banda”, disse o integrante.

Apesar da repercussão, a banda acabou no ano de 2001 porque cada um seguiu para um rumo diferente na sua vida. Pedro conta que foi fazer faculdade de educação física e ficou meio desligado da música. Num dia, Pedro foi surpreendido pela mãe quando ela disse que iria a uma apresentação de bateria do primo, Henrique. “Ele tocou Astronauta de Mármore, do Nenhum de Nós, fiquei muito feliz com a notícia. Foi muito bacana”, conta.

Nessa mesma época, o Fábio já tocava numa outra banda, a TN 49, e o convidou para fazer algumas apresentações, trazendo-o de volta ao rock. “Acabei fazendo alguns shows com eles”, relembra. Júlio Mendonça e o Henrique também montaram outra banda, a Dark Field. “As duas tocaram um pouquinho e terminaram. Juntamos as duas bandas, chamamos Diego Madeiral para o baixo e assim nascia a Banda Killver, no final de 2005”.

Mesmo tendo a ciência que rock já perdia espaço para o sertanejo universitário, principalmente em Mato Grosso do Sul, os jovens acreditaram no talento e investiram na carreira.

Em 2006, já se apresentavam nas casas de shows, barzinhos, clubes e em festivais de música. Conquistaram o primeiro lugar num festival em Tupi Paulista (SP). Em Nova Andradina chegaram a fazer até 2 shows por mês. Na agenda da banda estão incluídas ainda exibições em outros estados como Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Desde o primeiro show, as músicas autorais da banda já integravam o repertório.

Pedro Trotta acredita que algumas bandas da região surgiram após a Killver, os adolescentes e jovens passaram a curtir o rock influenciados pela banda. “Tem uma música de minha autoria, “Tempo ao tempo”, que aqueles adolescentes mais rebeldes colocavam a letra no Quem sou eu, no Orkut. As mais românticas como “Meu silêncio” e “Passar dos dias” marcou muito namoro”, recorda.

“Até hoje temos alguns fãs que nos seguem. Quando me reúno com os amigos, eles relembram nossas apresentações e dizem que marcou um tempo na vida deles, tipo um namoro que tiveram, um fato que aconteceu, tudo associam a banda”, diz com saudosismo Júlio.

Apesar do reconhecimento, eles revelam que tocar rock no Estado nunca foi fácil. “Tem que ter personalidade para subir no palco e tocar rock no MS. Aqui é outra vibe. A cultura é outra. No entanto, todos têm o seu espaço, sempre tivemos”, analisa o vocalista. A banda tocou de forma ininterruptas até 2009 e chegou a fazer 8 shows por mês. Em 2010, a banda teve que se desfazer porque os integrantes já tinham outros interesses alheios ao musical.

O ressurgimento da Banda Killver e projetos futuros

Em 2016, a banda iria completar 10 anos. Para marcar a data, o grupo pensou em fazer uma comemoração. Entre a ideia e a realização deste show foram 20 dias. “Organizamos tudo com ajuda de familiares e ensaiamos o repertório. Como temos muitos anos juntos, no olhar a gente já se entende. Neste show fizemos tipo lado B, vamos tocar Legião, não fizemos Pais e Filhos ou Faraoeste Caboclo, tocamos Índios. Enfim, fugimos do trivial”, pontua.

A apresentação agradou em cheio os fãs, que lotaram o Sindicato Rural para ver a Killver de novo nos palcos. A partir daí, o grupo resolveu se reunir para fazer shows em ocasiões especiais ou a convite de parceiros e amigos, como Os Movidos. “Nossa intenção é promover dois a três shows por semestre para não desgastar a imagem. Estamos mais seletivos. Temos outras prioridades, mas a música é uma paixão que está no sangue. O rock está nas veias e gostamos de tocar para o nosso público, para os fãs”, declara Pedro.

As carreiras paralelas

Mesmo tendo este compromisso de se apresentar em datas esporádicas, os integrantes da Killver mantêm alguns projetos musicais paralelos, além de se dedicarem a outras atividades profissionais.

Pedro é professor de educação física, funcionário público e proprietário da escolinha de futebol Camisa 10 do Grêmio N/A. Henrique Moraes se tornou médico. O guitarrista Júlio Mendonça um engenheiro e, recentemente, está apostando suas fichas na carreira solo como músico. 

 Fábio Wruck, Renan Feer Azevedo Costa, Pedro Trotta Molinari, Japa Drums e Júlio Mendonça – Foto: Reprodução/Facebook

Júlio gravou de forma caseira vídeos com canções de sua autoria. “Mandei as músicas para amigos e fãs que gostam da minha mensagem e eles elegeram as melhores. A partir dessa seleção resolvi gravar as 7 faixas mais votadas. Estou gravando em Campo Grande com Diego Barosa, que é guitarrista da Banda Jads e Jadson e produtor. Ele está pegando meu trabalho, que é violão e voz, e colocando bateria, baixo, e estruturando a música para virar um EP, com todas essas faixas escolhidas”, comenta animado.

Para divulgar o novo trabalho, Júlio Mendonça utiliza o Facebook com uma página oficial, em que posta versões de músicas que fazem sucesso, mas com uma pegada própria. “Faço meu estilo. Estou tentando construir um público e uma base de fãs para só depois lançar este EP. Quero conquistar este público primeiro, ter uma base e um público fiel que indiquem, divulguem e falem bem para os amigos, patrocinar muitas postagens. Quero que gostem de mim e da minha música. Assim, vou começar a galgar a carreira. Será um ano de muito trabalho. O caminho é árduo, longo, mas é o que vou seguir”.

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