Depois de execução, outro jornalista sofre intimidação na fronteira

Repórter de Pedro Juan Caballero diz que desconhecido fez fotos de sua casa; episódio ocorre 9 dias após morte de Léo Veras

Da Redação


Uma semana após a execução do jornalista brasiguaio Lourenço Veras, o Leo, 52 anos, outro repórter é alvo de intimidações em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã.

Gilberto Ruiz Díaz, correspondente do jornal “ABC Color”, relatou que homem desconhecido foi flagrado tirando fotos de sua casa na manhã de quarta-feira (19). O caso foi denunciado ao Ministério Público do Paraguai, que cobrou do governo daquele país proteção ao jornalista.

De acordo com o “ABC Color”, a esposa de Díaz percebeu o desconhecido tirando fotos da casa. Quando ela saiu na rua para pedir explicações, o homem correu e deixou o local em uma caminhonete sem placa que estava parada a meia quadra do local.

Conforme o jornal paraguaio, o episódio ativou o alerta, já que a fronteira é palco de ataques a repórteres que cobrem os acontecimentos envolvendo o crime organizado na Linha Internacional, como ocorreu na noite do dia 12 deste mês, quando três pistoleiros encapuzados executaram o jornalista Leo Veras em Pedro Juan Caballero.

Após receber a denúncia de Gilberto Díaz, o Ministério Público solicitou à Polícia Nacional do Paraguai que dê proteção ao jornalista e sua família. Em Pedro Juan Caballero, outro correspondente do “ABC Color”, Candido Figueredo Ruíz, vive sob proteção policial há duas décadas.

Quinta-feira, Edison Lanza, relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, cobrou do governo paraguaio que investigue “com determinação” o crime organizado e os assassinatos de comunicadores em Pedro Juan Caballero.

Em entrevista à rádio “ABC Cardinal”, Lanza afirmou que a cidade vizinha de Ponta Porã é uma das zonas mais perigosas da América Latina para exercer o jornalismo. “Surpreende-nos que passem os governos e não se adote medidas drásticas para acabar com essa situação”, afirmou.

Leo Veras 

Também nesta quinta-feira (20), a promotora Alicia Sapriza, da Unidade de Crime Organizado do MP paraguaio, pediu ao comando da Polícia Nacional proteção para a viúva de Leo Veras e seus familiares. O jornalista deixou dois filhos adolescentes.

Até ontem, Polícia Nacional e Ministério Público ainda não divulgaram novidades sobre as investigações. Na linha entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã o temor dos amigos e colegas de Leo Veras é que a execução seja só mais uma a não ser esclarecida, como centenas de outras ocorridas nos últimos quatro anos.

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