Gaeco: Empresas davam notas frias à prefeitura por serviço em veículos sucateados

Operação cumpriu 25 mandados em Bandeirantes, Dourados, Campo Grande e Presidente Venceslau (SP)

Campo Grande News


Sucatas de veículos já colocadas à venda em leilão ainda geravam despesas para a prefeitura de Bandeirantes como se estivessem rodando normalmente. Essa é uma das irregularidades que estão sendo investigadas na prefeitura da cidade, de 6 mil habitantes, a 70 quilômetros de Campo Grande, pela operação “Sucata Preciosa”, deflagrada nesta terça-feira (2).

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Os trabalhos investigatórios mostram que empresas localizadas na cidade, em Campo Grande, em Dourados e, em Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, davam notas frias à prefeitura para justificar os gastos com bens já inservíveis. Os documentos, como apurou a reportagem, traziam anotações “genéricas”, do tipo “serviços mecânicos”, mas se referiam a veículos que não estão mais em condições de uso e até já foram para a venda como sucata.

A cargo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), a ação esteve num pátio da Secretaria de Obras da cidade, na Rua João pessoa, e encontrou ônibus escolares parados. A suspeita é de que havia notas até de troca de pneus para esses coletivos, ainda que estejam parados.

Um deles, presenciou a reportagem, tem apenas três pneus e o lado direito está sustentando por um toco de madeira.

 Ônibus parados em pátio de secretaria de Bandeirantes - Foto: Marcos Maluf

No mesmo lugar, há de decoração de Natal, com anjos de ferro, a placas de trânsito jogadas. Na frente, um outro galpão, com caminhões e tratores, aparentemente em utilização. Tudo foi fotografado pelas equipes.

Explicação oficial 

O Gaeco divulgou que, depois de abertura de investigação pela promotoria da cidade, “restou apurado que, via emissão de notas fiscais “frias”, o Município de Bandeirantes pagou por supostos serviços de manutenção em veículos da Prefeitura, os quais não foram prestados, eis que os bens, em boa parte, já estão sucateados e/ou abandonados nos pátios das Secretarias de Obras e Saúde de Bandeirantes”.

Conforme divulgado, foram objeto de busca a sede da prefeitura Municipal de Bandeirantes, as secretarias de Obras, Saúde e Educação. Também houve busca e apreensão na residência de servidores e ex-servidores do município e nas empresas emissoras das notas fiscais e outros suspeitos de envolvimento no esquema.

Os crimes investigados são peculato, fraude em licitação, falsidade e corrupção.

Decisão

Os 25 mandados de busca e apreensão são do juiz Daniel Poletto Geller. O prefeito da cidade, Álvaro Urt, não é alvo direto da operação.

Isso explica o fato de não ter sido necessário acionar o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) para a realização das buscas. A reportagem tentou falar com Álvaro por telefone, sem êxito. Também foi até a casa dele, em Bandeirantes, mas não havia qualquer movimento.

A ação teve apoio do Garras, com apoio do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo Banco, Assaltos e Sequestros), do Batalhão de Choque e Bope (Batalhão de Operações Especiais), ambos da Polícia Militar.

Além de documentação apreendida, foram encontradas duas espingardas em imóvel alvo de busca. O dono não foi localizado.

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