Lá estava ele outra vez, no mesmo horário, na mesma árvore. O que me separava dele, eram as grades; eu era escravo de minhas ações, e o pequeno pássaro era livre; podia bater suas asas no lugar que quisesse, no entanto estava ali, observando-me, acusando-me de retê-lo também.
— Vai embora! — Fui imperativo.
Mas o bicho apenas me fitava, com o olhar triste de quem também não podia voar livremente enquanto eu estivesse preso. Pobre de mim! Cativo em minha sádica consciência, separado do exterior pelas grades que eu mesmo construí.
O lado de fora era lindo, vasto, um grande eufemismo do universo compactado no pedaço de terra destinado a nós. Mas o pássaro não se permitia voar. Algumas vezes ele partia em busca de alimento, contudo sempre voltava. Todos os dias, na hora marcada, ele pousava na mesma árvore.
Talvez eu o tenha julgado mal, quem sabe o pássaro também não era prisioneiro assim como eu, tentando desesperadamente sobreviver a mais um dia.
*Estudante de contabilidade e morador de Nova Andradina
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova
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