''Clã Morinigo'' alega grupo de risco, mas fica preso por liderar crime milionário

O pedido de liberdade foi negado para interromper esquema que acumulou R$ 230 milhões e foi investigados em operação da PF

Campo Grande News


Alvo de operação da Polícia Federal que sequestrou R$ 230 milhões, o Clã Morinigo, que foi preso em Pedro Juan Caballero (fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai), vai permanecer atrás das grades por decisão da 5ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande.

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No pedido de revogação, a defesa de Emidio Morinigo, Jefferson Morinigo e Kleber Morinigo, respectivamente pai e filhos, a defesa destacou a inexistência dos requisitos para autorizar a prisão preventiva e a condição de vulnerabilidade porque pertencem ao grupo de risco do novo coronavírus.

De acordo com os relatórios de inteligência, os três, ao menos em tese, são líderes de organização criminosa altamente estruturada e que, além do tráfico de cocaína, também ocultava bens e valores.

“Desse modo, segundo a decisão que decretou as prisões, a manutenção da segregação cautelar dos presos visa interromper a cadeia de ações da organização criminosa e cessar a prática delitiva, de modo a preservar a ordem pública e garantir a aplicação da lei penal”, informa a decisão.

 Entre as apreensões, estão R$ 230 milhões em veículos, embarcações, aeronaves e imóveis do grupo Foto: PF/Divulgação

Sobre o coronavírus, o juiz Dalton Igor Kita Conrado afirmou que o sistema penitenciário nacional tem adotados medidas para conter o avanço da doença. O Clã Morinigo deve ser transferido para o sistema penitenciário federal.

O magistrado determinou que o MPF (Ministério Público Federal) se manifeste sobre o pedido de liberdade de Slane Chagas, Alexandre Lima Vilhanueva e Elson Marques dos Santos Júnior. Slane e Alexandre são proprietários da JV Motors, garagem de veículo na Avenida Salgado Filho, em Campo Grande.

Elson era alvo da operação e também foi flagrado com 120 quilos de maconha. A droga estava em seu quarto, no Bairro Nova Lima.

Segundo as investigações, o grupo criminoso tinha núcleo de comando com funções bem definidas. O organograma descrito pela PF tem 12 pessoas.

O topo é ocupado por Emídio Morinigo e os filhos Jefferson Garcia Morinigo e Kleber Garcia Morinigo, que moraram em Campo Grande, mas se mudaram para o Paraguai no início do ano, após uma carga de drogas ser apreendida.

 

No nível abaixo, a Polícia Federal colocou nove pessoas que davam suporte à quadrilha, com uso de doleiros, principalmente na ocultação de bens e lavagem de dinheiro.

Relatórios da unidade de inteligência fiscal da Receita Federal detectaram inconsistências fiscais dos investigados, além de bens móveis e imóveis registrados em nome dos investigados e de “laranjas”, pessoas que emprestam nome para ocultar valores de origem ilícita.

O roteiro cumprido em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e no Paraguai mostrou um circuito de luxo, com mandados de prisão em imóvel com piscina, sobrados, “resort particular”, além de eventos de arrancadas com veículos esportivos de alto valor, contratação de artistas famosos para eventos familiares.

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