Especialistas se reúnem para discutir alta demanda por carne de qualidade

Mayara Martins


O bate papo, realizado pela Fazenda 3R, abordou como a cadeia tem trabalhado para o fornecimento de carne desde os pecuaristas até o consumidor final.

“É na cria, ao fim da gestação, que se define a quantidade de fibra que o bezerro vai ter e a quantidade de adipócitos - que são as células com gordura, o chamado marmoreio - que esse animal vai produzir. O grande aprendizado que tivemos recente é que quanto melhor eu tratar a vaca na questão nutricional e na questão sanitária, melhor eu consigo explorar o potencial genético trabalhado”, é o que diz o engenheiro agrônomo que há 25 anos está inserido no mercado de produção de carne de qualidade, Roberto Barcellos, durante o Bate Papo promovido pela Fazenda 3R em Camapuã.

O evento, que aconteceu na cidade reconhecida como a Capital do Bezerro de Qualidade, reuniu importantes nomes da cadeia da produção de carne, discutindo não só o papel da cria, mas a evolução a qual passou a pecuária brasileira ao longo dos anos, desde o antes da porteira ao consumidor final que está cada vez mais exigente.

“Hoje o consumidor não come a commoditie, ele come a carne de qualidade, a carne veio como se fosse um vinho e as pessoas estão comendo cada vez um degrau acima. Antigamente exigíamos sabor, maciez, depois padrão, rastreabilidade, hoje para você ter uma ideia, o cliente está escolhendo se ele come um corte ou outro, ele quer saber de toda a cadeia do animal, de tudo”, explica Felipe Aversa, diretor da Churrascada, referência em eventos voltados à cadeia da carne.

 

Para se chegar a um resultado que atenda cada vez mais as exigências de mercado as estratégias corretas devem ser muito bem trabalhadas da porteira para dentro. Segundo Willian Koury Filho, zootecnista com mestrado e doutorado na área de melhoramento genético bovino, o macho é quem termina na carne, mas é na fêmea que a genética vai sendo agregada ano a ano.

“Eu penso que devemos desenvolver pacotes tecnológicos com objetivos específicos, como vivemos em um país com dimensões continentais, temos diversas raças, diversas estratégias para atender diferentes possibilidades de mercado, por isso a genética, sanidade e nutrição devem ser pensadas de forma especifica, para que aí sim tenhamos melhores resultados. Nós estamos na era da pecuária de precisão, definir bem a genética, o sistema de produção e para qual nicho de mercado vai e qual o objetivo do produto final é primordial, a palavra de ordem é gestão”, pontua o zootecnista.

Participaram da mesa também o pecuarista Fernando Saltão, o diretor da Agroceres Multimix e engenheiro agrônomo Ricardo Ribeiral, o leiloeiro Adriano Barbosa e o jornalista Fabiano Reis como intermediador. Para a Fazenda 3R, que desde 2018 foi assumida pelos filhos de Rubinho Catenacci, o evento é a continuação do legado construído em trinta anos de existência.

“O Rubinho sempre foi muito didático e realizar um evento como esse, vai muito de encontro com o que desejamos de sempre contribuir com o crescimento e melhoria da nossa pecuária. Nós precisamos de escala e de uma escala com qualidade para atender as exigências que estamos sendo demandados pelo mercado”, ressalta Henrique Catenacci, um dos diretores da Fazenda.

 

Após o evento a Fazenda 3R realizou seu tradicional leilão, ofertando ao mercado mais de 500 animais oriundos da genética trabalhada pela propriedade. Apesar da retração do mercado de reposição, que devido à alta disponibilidade de animais para o abate, já que o inverno bate à porta e a tendência é de diminuição nas pastagens, o leilão teve retorno acima da média do mercado de leilões de corte, com lotes de machos chegando a R$ 13,00 kg/vivo.

“É o resultado do nosso trabalho que está sendo refletido na qualidade dos animais, que vão gerar um melhor resultado ainda maior para nossos clientes que fazem a recria e a engorda, a conta é essa, entregando qualidade a gente torna o giro mais rápido e uma pecuária cada vez mais eficiente”, finaliza Anna Carolina Chesi Catennaci, diretora da Fazenda 3R.

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