Sem saber, eu tinha um encontro marcado. Começou com um pesado sono, veio repentinamente, eu estava deitado em minha rede, então apaguei.
Não era um sonho comum, eu sentia a grama sob meus pés, sentia o calor agradável do sol. Era real, como uma visão.
Eu tinha um encontro marcado, soube disso quando vi um homem sentado de frente para um rio de água corrente. Aproximei-me, antes que eu pudesse falar, ele me disse:
— Sim! Eu te chamei aqui.
— Aonde é aqui? — indaguei.
— Aqui é o lugar do encontro marcado. — Falou o homem sem se virar.
— Não marquei encontro nenhum. — Retruquei.
— Quem marcou fui eu. Como eu disse, eu te chamei aqui.
— Para quê?
— Porque você precisava estar aqui!
— Quem é você? Como sabe o que eu preciso?
— Eu sou o Princípio, Meio e Fim. Antes da existência eu já estava aqui.
Fiquei um momento em silêncio, contemplei o lugar onde eu estava. A vida vibrava na paisagem, era silencioso ao mesmo tempo que a natureza soltava seu grito alegre. Nesse momento de contemplação, percebi que esse lugar emanava uma imensa calma, uma felicidade genuína; estranhamente, recordei-me do meu tempo de infância, quando as coisas eram simples, e a imaginação me fazia cavalgar para terras inexploradas e fantásticas. Esse lugar era diferente, minha mente e meu espírito estavam aqui. A única coisa que permaneceu no mundo material foi meu corpo dormente.
Sentei-me ao lado do homem que me chamou, brandamente ele me perguntou:
— Onde está o seu coração?
Eu não soube responder a essa simples pergunta. Eu me dei conta de que não sabia quem era a pessoa vivendo dentro de mim. A única coisa que respondi foi:
— Quem eu sou? — senti-me frustrado, uma onda de perguntas invadiu-me. Eu, então, tomei consciência de que estava perdido. Não era mais um homem que acreditava, tornei-me materialista. Eu não era mais espiritual, tinha dificuldade de enxergar aquilo que meus olhos humanos não viam. — Quem eu sou? — sussurrei outra vez.
— Quando descobrir em quais tesouros está o seu coração, então descobrirá quem você é! — o homem respondeu e sorriu bondosamente.
Após isso, senti-me sendo puxado. Lentamente fui abrindo os olhos. Eu estava acordado outra vez, deitado na minha rede.
O corpo era o mesmo, mas a alma havia se transformado, ela era agora uma andarilha numa jornada em busca do sentido da minha vida.
*Estudante de contabilidade, morador em Nova Andradina e autor de livros
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova
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