Encontro marcado

*Felipe Pereira


Sem saber, eu tinha um encontro marcado. Começou com um pesado sono, veio repentinamente, eu estava deitado em minha rede, então apaguei.

Não era um sonho comum, eu sentia a grama sob meus pés, sentia o calor agradável do sol. Era real, como uma visão.

Eu tinha um encontro marcado, soube disso quando vi um homem sentado de frente para um rio de água corrente. Aproximei-me, antes que eu pudesse falar, ele me disse:

— Sim! Eu te chamei aqui.

— Aonde é aqui? — indaguei.

— Aqui é o lugar do encontro marcado. — Falou o homem sem se virar.

— Não marquei encontro nenhum. — Retruquei.

— Quem marcou fui eu. Como eu disse, eu te chamei aqui.

— Para quê?

— Porque você precisava estar aqui!

— Quem é você? Como sabe o que eu preciso?

— Eu sou o Princípio, Meio e Fim. Antes da existência eu já estava aqui.

Fiquei um momento em silêncio, contemplei o lugar onde eu estava. A vida vibrava na paisagem, era silencioso ao mesmo tempo que a natureza soltava seu grito alegre. Nesse momento de contemplação, percebi que esse lugar emanava uma imensa calma, uma felicidade genuína; estranhamente, recordei-me do meu tempo de infância, quando as coisas eram simples, e a imaginação me fazia cavalgar para terras inexploradas e fantásticas. Esse lugar era diferente, minha mente e meu espírito estavam aqui. A única coisa que permaneceu no mundo material foi meu corpo dormente.

Sentei-me ao lado do homem que me chamou, brandamente ele me perguntou:

— Onde está o seu coração?

Eu não soube responder a essa simples pergunta. Eu me dei conta de que não sabia quem era a pessoa vivendo dentro de mim. A única coisa que respondi foi:

— Quem eu sou? — senti-me frustrado, uma onda de perguntas invadiu-me. Eu, então, tomei consciência de que estava perdido. Não era mais um homem que acreditava, tornei-me materialista. Eu não era mais espiritual, tinha dificuldade de enxergar aquilo que meus olhos humanos não viam. — Quem eu sou? — sussurrei outra vez.

— Quando descobrir em quais tesouros está o seu coração, então descobrirá quem você é! — o homem respondeu e sorriu bondosamente.

Após isso, senti-me sendo puxado. Lentamente fui abrindo os olhos. Eu estava acordado outra vez, deitado na minha rede.

O corpo era o mesmo, mas a alma havia se transformado, ela era agora uma andarilha numa jornada em busca do sentido da minha vida.

*Estudante de contabilidade, morador em Nova Andradina e autor de livros

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

Cobertura do Jornal da Nova

Quer ficar por dentro das principais notícias de Nova Andradina, região do Brasil e do mundo? Siga o Jornal da Nova nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram e no YouTube. Acompanhe!