Ser parte da solução ou do problema?

*Paulo César Schotten


Posteriormente à uma conversa com alguns amigos na data de hoje, me peguei reflexivo em alguns pensamentos pessoais sobre o comportamento das pessoas, especialmente no meio organizacional. Destaca-se então que as informações contidas nesse breve relato provem de minhas experiências com pessoas em comparação com o conhecimento teórico que adquiri em meus longos 22 anos de sala de aula no ensino universitário. Por se tratar de opinião entendam que é minha visão sobre o assunto e com certeza haverá muitos contrapontos advindos do pensamento, da teoria ou do achismo de algumas pessoas, as quais, tem total direito de faze-los.

Para responder à questão de ser parte da solução ou parte do problema, objeto deste relato, gostaria de começar a apresentar uma interpretação sobre o que são organizações. Organizações, a partir de leituras da área, pode ser compreendido como um grupo de pessoas que se unem com objetivo comum. Ora, se uma organização é um grupo de pessoas com objetivos comuns, por que temos tantos conflitos organizacionais?

Responder a essa pergunta não é nada fácil visto que passamos por uma seara de estudos e áreas sobre o comportamento humano e não é objetivo deste relato aprofundar nessas áreas. A ideia é buscar reflexões que possam levar a compreensão de como poderemos transformar nossas organizações em meios do envolvimento e comprometimento das pessoas que compõem o nosso grupo.

À primeira vista dependemos então de um comprometimento geral do grupo em prol de algo ou alguma coisa que possam direcioná-los e coloca-los em caminho de ajuda mútua, participativa, colaborativa e não competitiva. Para isso, dentro da gestão estratégica, trabalha-se a questão dos estabelecimentos de objetivos estratégicos que tem essa função agregadora, acreditando-se que todos os envolvidos no processo ou no meio organizacional, a partir deste direcionamento, comprometem-se em busca deste objetivo.

Mas o que faz o cidadão comum acordar as 5 da manhã, muitas vezes caminhar meia hora ou mais, muitas vezes depender de 2 ou 3 conduções para chegar ao trabalho, quer faça frio, sol, chuva, só para que a empresa possa alcançar seu objetivo? Quando perguntado isso em um grupo de pessoas, quer sejam alunos ou não a resposta óbvia é de que o que move as pessoas é o dinheiro (salário). Pode até ser, mas eu ainda prefiro acreditar que a resposta obvia as vezes encobre algo mais profundo que neste caso são os objetivos pessoais.

Dito isso, o que faz então uma pessoa ir para o trabalho e comprometer-se com os objetivos organizacionais são os objetivos pessoais, ou seja, somente é possível conseguir o comprometimento e o esforço dos indivíduos em prol do atingimento dos objetivos organizacionais, a partir do momento que oferecemos a esse indivíduo condições de que, em nossa organização, ele consiga atingir seus objetivos pessoais. Ah, mas é o salário. Pode ser, mas o salário é apenas um meio no qual o indivíduo utiliza-se em busca de realizar seus objetivos.

Esclarecido isso, como fica a questão dos conflitos organizacionais? Eles se encerram? Não, claro que não. Não se encerram porque o fato de estarmos comprometidos com uma causa comum, não nos transforma em um único ser. Continuamos a ser indivíduos, com características pessoais, com identidade própria, com cultura diferente, situações econômicas diferentes e compreensão de mundo individualizado. Essas diferenças enquanto indivíduos nos guiam enquanto comportamento e muitas vezes nos colocam em situação de conflitos conosco mesmo, imagina se não em relação aos demais indivíduos que nos cercam.

Precisamos então partir para uma jornada de conhecimento individual e organizacional. Cabe as organizações entender qual o papel de cada indivíduo em seu grupo e, ao entender as especificidades e objetivos individuais, oferecer subsídios para que essas pessoas possam enxergar neste ambiente as condições necessárias para que ele possa atingir seus objetivos. Cabe aos indivíduos um estudo intrapessoal, conhecendo-se e conhecendo seu papel no mundo e no ambiente organizacional e, a partir desse conhecimento, agregar seus esforços, caso sejam validados em relação ao objetivo organizacional. Caso não se enquadre ou não enxergue a possibilidade de atingimento de seus objetivos, talvez seja hora de procurar novos ares.

O esforço é de todos. Querer alcançar seus objetivos ou não é uma decisão individual de cada um. Escolher “como” também é uma decisão. Por fim, a partir dessa visão organizacional e pessoal decidir de que lado queremos estar: Ser parte da solução ou ser parte do problema? Aí é com vocês.

*Administrador / Doutor em Engenharia de Produção. Professor do curso de Administração da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS / Campus de Nova Andradina

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova

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