Forças Armadas apreenderam 10,8 mil armas em presídios de MS e seis estados

Ministro da Defesa disse que número sugere acordo entre agentes e o crime organizado

Correio do Estado


Mais de 10,8 mil armas e objetos perfurantes foram apreendidos em operações de Varruduras realizadas pelas Forças Armadas em presídios de Mato Grosso do Sul e outros seis estados durante o ano de 2017. Números foram apresentados hoje pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, na sede do Ministério da Defesa, em Brasília.

Em Campo Grande, a Operação Varredura foi realizada no dia 15 de fevereiro, no Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho. Cerca de 500 militares participaram da ação, que durou nove horas e terminou com apreensão de 400 armas brancas, 60 aparelhos celulares e quantidade não divulgada de maconha e cocaína.

De acordo com o ministro, o resultado das operações sugere um acordo tácito entre o sistema penitenciário estadual e o crime organizado “para explicar a presença de armas, telefones celulares e objetos como televisores e geladeiras que foram encontrados pelas Forças Armadas”.

No total, foram apreendidos 10.882 armas, 1.857 kits de telefones celulares, incluindo baterias e carregadores e 1.447 drogas em 31 presídios estaduais de Mato Grosso do Sul, Rio Grade do Norte, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia e Pará. Os objetos estavam em poder de 22.970 detentos, o que segundo o ministro, projeta uma arma a cada dois detentos.

“A gente chega a pensar se não existe algum tipo de leniência, algum tipo de acordo entre Estados e os que estão presos aí dentro. Você encontra televisor, churrasqueira, freezer, o que vocês pensarem. Parece haver uma espécie de acordo tácito, 'não aperta aqui que a gente não cria problema lá'", disse o ministro, acrescentado que a afirmação é uma conclusão pessoal dele e não da inteligência militar.

Jungmann disse ainda que são necessárias medidas para coibir a comunicação entre os líderes do crime organizado que estão nos presídios e os criminosos que estão soltos nas ruas, além de medidas para coibir a livre comunicação entre advogados e presos ligados ao crime organizado.

“Coisas como visitas íntimas, encontros com seus advogados, encontros com terceiros, que não são registrados, na verdade significa um fluxo de informação que faz com que os grandes criminosos continuem tendo comando na rua”, declarou Jungmann.

Ministro destacou que as medidas não têm objetivo de criminalizar advogados, mas que é preciso haver registro das conversas entre eles e os clientes, não sobre as estratégias de defesas jurídicas, mas sobre ações futuras fora dos presídios. 

"Três bandidos, o Nem, o Marcinho VP e o [Fernando] Beira-Mar têm 37 advogados. O que os senhores acham [disso]? [Presos e advogados] têm uma relação aí que não é apenas entre cliente e advogado", finalizou.

Portal Correio do Estado entrou em contato com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), para saber o posicionamento da agência sobre a afirmação do ministro, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

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