Cidades & Região / Rio de Janeiro
Carlinhos Cachoeira é preso por fraudes na loteria do RJ
Bicheiro foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão, em segunda instância. Defesa alega inocência
O bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso nesta quinta-feira (10) por fraudes na loteria carioca. Policiais civis chegaram à casa onde um irmão dele mora em Goiânia, no Alphaville Ipê, por volta das 17h10. De lá, o contraventor foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito.
Depois, seguiu para a Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH). A defesa alega que ele é inocente e disse "confiar" na permanência dele em Goiânia para cumprimento da pena.
“Sobre a transferência [para o Rio], agora é esperar o juiz daqui autorizar, em conversa com o próprio Judicário do Rio de Janeiro, para saber se eles vão buscar ou o próprio estado de Goiás vai levar o preso para lá”, disse o delegado Fernando Madruga.
O bicheiro foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão, em segunda instância, pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ele já cumpria prisão domiciliar por condenações anteriores.
A prisão foi determinada, em caráter “imediato” pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nefi Cordeiro na sexta-feira (4), a partir de pedido do Ministério Público. O órgão tomou como base a permissão para prisão após condenação em segunda instância.
Advogado de Cachoeira, Cléber Lopes informou ao G1 que chegou a pedir que o cliente cumprisse pena em Goiânia, pois não apresenta risco de fuga por já estar em domiciliar e por ser onde a família dele mora. Na terça (8), a juíza Simone Rolim, da 29ª Vara Criminal do Rio, expediu o mandado de prisão e vetou o uso de algemas.
No documento, ela pede que o TJ de Goiás aguarde “providências de praxe” para fazer o recambiamento – transferência do preso de uma cidade para a outra. Além disso, alegou que a competência para determinar a manutenção de Cachoeira na capital goiana é da Vara de Execuções Penais (VEP).
Problemas com documentação
A carta precatória da juíza Simone Rolim com a expedição do mandado de prisão chegou a Goiânia nesta quarta (9). A juíza responsável por acatá-la, Cláudia de Castro Fróes, percebeu a falta de alguns documentos e por isso não oficial a Polícia Civil no mesmo dia para que a prisão ocorresse.
Os documentos faltantes não foram informados. O TJ-GO explicou, porém, que, além da carta precatória, peças como o mandado de prisão e a sentença que a determina precisam ser enviadas.
Fraudes na Loteria
Em 2012, Cachoeira e Waldomiro Diniz, ex-assessor do Palácio do Planalto, foram condenados a 8 e a 12 anos de prisão, respectivamente, pela 29ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, por corrupção e fraude em uma licitação da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj).
Segundo a denúncia do Ministério Público do Rio, Waldomiro Diniz pediu R$ 1,7 milhão ao empresário como propina - o dinheiro também teria sido usado para abastecer campanha eleitoral de políticos.
Em troca, acrescenta o MP do Rio, Cachoeira obteve a alteração de um edital de licitação para se favorecer.
Na mesma decisão em que pediu a prisão imediata de Cachoeira, o ministro Nefi Cordeiro rejeitou um outro pedido do Ministério Público, para execução da pena de Waldomiro, por entender que ainda há recurso pendente de análise na Justiça.
Prisões anteriores
Cachoeira já foi condenado por crimes como contrabando de caça-níqueis, peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha.
O bicheiro foi preso pela primeira vez em 29 de fevereiro de 2012, na Operação Monte Carlo. De acordo com a Polícia Federal, ele comandava um esquema de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal, com envolvimento de políticos.
Após nove meses, Cachoeira deixou o presídio da Papuda, em Brasília, beneficiado por um alvará de soltura expedido pela 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Na época, ele foi condenado na Operação Saint Michel, um desdobramento da Monte Carlo, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
Duas semanas depois, em 7 de dezembro, Cachoeira foi preso novamente após ser condenado a 39 anos de prisão por peculato, corrupção ativa, violação de sigilo e formação de quadrilha. Entretanto, conseguiu um habeas corpus e deixou a cadeia quatro dias depois.
Cachoeira voltou a ser preso no dia 30 de junho de 2016, no condomínio de luxo onde mora em Goiânia, pela Operação Saqueador, da Polícia Federal (PM) e do Ministério Público Federal (MPF). A ação apurava lavagem de dinheiro e desvio de verbas em obras públicas. A investigação apontou um esquema que desviou R$ 370 milhões de cofres públicos.
Conforme o MPF, na época, Cachoeira era responsável por criar empresas e contratos fictícios com a construtora Delta. O valor era sacado e usado para pagamento de propinas. Logo após a deflagração da operação, o MPF informou que pedia a condenação dos envolvidos por lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de solicitar a reparação dos danos causados.
Após a prisão, ele foi levado para o Rio de Janeiro, onde ficou por pouco mais de um mês. No dia 17 de agosto, ele teve a prisão preventiva convertida em domiciliar e foi levado de volta para a capital goiana. O pedido de habeas corpus da defesa do contraventor já havia sido feito ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, que javia negado a solicitação.
A Operação Saqueador foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, que desarticulou exploração de máquinas caça-níqueis em Goiás e levou a uma CPI, que por sua vez, cassou o mandato do então senador Demóstenes Torres.
Cachoeira também foi condenado na Operação Saint-Michel, também derivada da Monte Carlo.
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