Medidas socioeducativas diminuem em quase 35% reincidência de menores em crimes

A adoção de medidas socioeducativas para menores em conflito com a lei tem se mostrado uma alternativa eficiente para o município de Nova Andradina

Da Redação


Dados coletados pelo Jornal da Nova junto a Semcias (Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social), no último ano, apontam que houve uma diminuição de quase 35% na reincidência de adolescentes em crimes.  Conforme informações apresentadas em 2017, 35 jovens estavam inseridos na prestação de serviços à comunidade ou em liberdade assistida. Em 2018, apenas 23 voltaram a cometer atos infracionais.

Na análise da gerente de proteção social especial, Fabiana Santos, os números podem ser explicados, em parte, pelo aumento de programas voltados a este público alvo como as oficinas profissionalizantes, palestras motivacionais e encaminhamento ao mercado de trabalho por meio do Acessuas Trabalho, Programa Jovem Aprendiz e outras atividades desenvolvidas no Centro da Juventude.

Outros dois passos também foram importantes. O primeiro a ser destacado é o fortalecimento do serviço especializado de atendimento a medidas socioeducativas em meio aberto, responsável por supervisionar esses programas e por envolver as famílias neste processo de reinserção na sociedade. Aliado a isso, a parceria com o poder judiciário, que aplica essas medidas, especialmente de privação de liberdade. 

Fachada do Centro da Juventude de Nova Andradina - Foto: Arquivo/PMNA

“As políticas públicas que vem sendo adotadas no município nos últimos anos refletem diretamente na redução da criminalidade infanto-juvenil. "Os adolescentes são fruto do meio em que vivem. Criar mecanismos de inclusão social e novas oportunidades de vida são os caminhos para afastar esse adolescente infrator do universo do crime”, frisa Fabiana, lembrando que desde 2017, Creas e Centro da Juventude estão unidos neste trabalho social e a Semcias coordena todas as ações desses órgãos.

“As medidas socioeducativas, quando bem executadas, e acompanhadas por orientação pedagógica, psicológica, profissionalizante e atendimento personalizado, podem ser fundamentais para produzir novos cenários na vida dos adolescentes e de suas famílias. A gestão municipal aposta nesta via para mudar a realidade dos nossos jovens”, avalia Julliana Ortega.

 

A experiência de quem já cumpriu medida socioeducativa e conseguiu mudar sua vida

O jovem de 18 anos, João Vitor Souza Silva, cumpriu medida socioeducativa desde os 14 anos, devido a envolvimento com drogas e, com o apoio do Centro da Juventude e da sua mãe, conseguiu mudar o rumo da sua vida. Hoje, com 18 anos, venceu o preconceito de muitas pessoas, deu a volta por cima e trabalha como servidor público da Prefeitura de Nova Andradina.

João Vitor Souza Silva, de 18 anos - Foto: Jornal da Nova

João Vitor conta que ficou por dois anos no Centro da Juventude até conseguir sua primeira oportunidade no mercado de trabalho. “Recebi muitos não. Tinha muito preconceito, eu não passava nas entrevistas. Mas, eu frequentava o Centro da Juventude, voltei para a escola e decidi que não queria voltar pra esse mundo. Quando me perguntaram, eu não menti que estava cumprindo medida. Minha mãe também foi até o Centro de Juventude e pediu para me darem uma chance. Até que abriu cinco vagas como jovem aprendiz na Prefeitura e fui selecionado na entrevista para trabalhar no CREAS. Fiquei muito feliz, porque era, enfim, minha primeira oportunidade”, contou.

Na condição de estagiário, João Vitor permaneceu por um ano e dois meses, até completar 18 anos. A dedicação e a competência no trabalho, levaram a contratação definitiva do jovem para atuar na Semcias (Secretaria de Cidadania e Assistência Social).

Feliz por superar os obstáculos, o servidor agora dá conselhos a outros jovens. “Tem que tentar, acreditar em si mesmo, ter força de vontade, provar que tem capacidade. Muitas pessoas vão tentar te colocar pra baixo, mas muitas outras podem te estender a mão. É difícil mudar, mas não é impossível. Sou a prova viva disso. Eu tento dar o meu melhor sempre”, declarou.

Contudo, ele também não esconde que já viu acontecendo exatamente o contrário. “Conheço gente que já teve sua oportunidade, mas não aproveitou. Entrou no Centro da Juventude e não frequenta mais. Acabou que desistiu. Ele perdeu a chance. Pode ser que ainda consiga, mas será cada vez mais difícil pra ele”, encerra.

João Vitor Souza Silva, de 18 anos - Foto: Jornal da Nova

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