O presidente da Beija-Flor, Farid Abrahão David, confirmou que a escola recebeu patrocínio do governo da Guiné Equatorial para o Carnaval de 2015. Mas negou que o valor tenha sido de R$ 10 milhões, como foi publicado pelo jornal “O Globo”. O dirigente vê como natural a ajuda financeira, apesar de a embaixada do país africano ter afirmado ao “Estado de S. Paulo” que o apoio fora apenas de doadores independentes, sem participação do governo.
“Patrocínio existe, não tem jeito, é normal. Na hora que for preciso a gente vai dizer, mas não nesse valor de R$ 10 milhões”, disse Farid na concentração da escola, momentos antes do desfile, considerado um dos melhores do ano.
A polêmica em torno da Beija-Flor se deu por conta da origem do patrocínio. A Guiné Equatorial é presidida há 35 anos pelo ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que controla o país com mão de ferro. Segundo Farid, a Beija-Flor não exaltou o político, mas o país e seu povo.
“A gente pegou o enredo para falar sobre o povo africano. A Guiné é um país desconhecido. Garanto que metade da população não conhecia o país. Mas a gente não se envolve na questão política. Se é ditador, se não é, se está no poder há mais de 30 anos, isso não é com a gente. Nosso problema é o Carnaval. Isso que a gente sabe fazer. O resto a gente deixa com as organizações internacionais. Sei que estamos fazendo a coisa certa”, declarou o presidente.
“Ninguém falou da Vila”
Em defesa da escola, Farid fez uma comparação com a Venezuela e lembrou de 2006, quando a Vila Isabel foi patrocinada pela PDVSA, empresa estatal de petróleo do país sul-americano, então governado pelo controverso Hugo Chavez.
“Se analisarmos lá atrás, a Vila ganhou com Venezuela (o enredo era sobre a latinidade) e ninguém falou nada, não houve comentário, e a escola ganhou o Carnaval”, recorda o dirigente, que também buscou Cuba como exemplo.
“Alguns nos atrás Cuba não era recebida pelo mundo democrático. Hoje os Estados Unidos está abraçando o país”, comentou.
A Beija-Flor foi a terceira a desfilar na segunda-feira de Carnaval. A todo momento, membros da agremiação repetiam que estavam engasgados com o 7º lugar de 2014 e diziam para os jornalistas: “vocês vão ver, vai tudo mudar a partir de hoje”. A crença geral é de que a Beija-Flor fora vítima de perseguição, tanto pelo resultado do ano passado quanto pela recepção ao enredo e seu patrocínio polêmico.
“Infelizmente tem uma facção aqui no Rio, e eu fico chateado de falar isso, que espera esse momento. É para prejudicar a escola, uma maldade, uma covardia”, concluiu.
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