Assassino de Marielle diz que crime foi ‘asneira’ e que matou vereadora por ganância

Mais cedo, Ronnie Lessa disse que tinha um pacto de silêncio, quebrado após a delação que ele firmou

Por R7


O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco, afirmou, nessa terça-feira (27), que deixou se levar por ganância. “Eu me deixei levar, foi ganância. Eu, na verdade, nem precisava, estava numa fase muito tranquila da minha vida, e eu caí nessa asneira. Foi ganância, realmente foi uma ilusão danada que caí.” A oitiva de Lessa no STF (Supremo Tribunal Federal) ocorre por videoconferência, uma vez que ele está preso na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo.

Mais cedo, Lessa disse que tinha um pacto de silêncio, quebrado após a delação que ele firmou. Ele se manifestou após pedir que todos outros réus deixassem a audiência de depoimento e não assistissem à oitiva.

“Havia um pacto de silêncio e gostaria que isso fosse respeitado. É tudo muito delicado. Não estamos lidando com pessoas comuns. São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos (os réus), mais do que se possa imaginar. O simples fato de eu ter praticado o crime, não me coloca pior que eles”, disse.

No mês passado, a defesa de Ronnie apresentou à Corte um pedido para que ele seja transferido de unidade prisional em Tremembé. A petição alega que ele está “isolado do convívio social e do contato físico com sua família”, além de impossibilitado de atividades como “trabalho interno, oficinas técnicas, ensino superior à distância, assistir a palestras, cursos”.

Na delação, cujo sigilo foi retirado em junho deste ano, Lessa disse que matar o motorista da vereadora Marielle Franco, Anderson Gomes, não era a finalidade. Ele contou que o plano era assassinar a vereadora no local onde ela estava, antes de entrar no carro. Entretanto, ele lembrou que a rua era na esquina da Polícia Civil.

Apontados como mandantes do assassinato da vereadora, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram presos em março, em uma operação da Polícia Federal, com participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Lessa teria afirmado que o crime seria uma vingança contra o ex-deputado estadual Marcelo Freixo e a ex-assessora dele Marielle Franco.

O último encontro foi depois do assassinato, em abril de 2018. Os suspeitos estavam preocupados com a repercussão do caso. Lessa diz que eles foram tranquilizados pelos irmãos Brazão, que afirmaram que podiam contar com a atuação de Rivaldo, que à época do crime chefiava a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Lessa disse, ainda, que Marielle era uma “pedra no caminho” dos irmãos Brazão. “Foi feita a proposta, a Marielle foi colocada como uma pedra no caminho. O Domingos, por exemplo, não tem ‘papas na língua’”, afirmou Lessa aos investigadores. Além disso, conforme o policial, o plano para matar Marielle começou em setembro de 2017.

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