Nacional & Geral / Política
Ex-assessor do TSE afirma que houve monitoramento de redes da direita nas eleições de 2022
Moraes diz que solicitações são legítimas e visavam combater fake news e milícias digitais
Da Redação
O ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro afirmou, em depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, que houve direcionamento no monitoramento de redes sociais durante as eleições de 2022, com foco em pessoas ligadas à direita. Segundo ele, os pedidos partiam do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Tagliaferro foi ouvido como testemunha no processo (Representação 2/25) que analisa a cassação do mandato da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). Ele chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE e é investigado por supostamente vazar mensagens de servidores do gabinete de Moraes.
Exonerado em 2023, o ex-assessor mudou-se para a Itália no ano seguinte, onde responde a um pedido de extradição. O depoimento foi colhido por videoconferência.
Zambelli como alvo
Questionado pelo relator da CCJ, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), Tagliaferro afirmou que Carla Zambelli estava entre os principais alvos do monitoramento.
“O que eu tenho comigo são relatórios produzidos, e-mails encaminhados oficialmente ao gabinete do ministro e várias conversas de WhatsApp, onde se vê claramente que Carla Zambelli era um alvo. Havia uma intenção persecutória. Inclusive, em algumas mensagens, se dizia: ‘Vamos pegar ela’”, declarou.
Segundo ele, os pedidos de monitoramento eram insistentes e se concentravam em pessoas com grande alcance nas redes sociais, que publicavam ataques às urnas, aos ministros ou tentativas de manipulação eleitoral. Ele apresentou prints de conversas à CCJ.
Prisão e condenação de Zambelli
Carla Zambelli está presa na Itália, aguardando julgamento de extradição. Ela e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir um mandado falso de prisão contra Moraes, além de alvarás de soltura de criminosos.
Zambelli também foi condenada à perda do mandato parlamentar
Novas revelações e ameaças
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) questionou Tagliaferro sobre supostas novas revelações que ele afirma possuir. “O senhor tem ameaçado divulgar dados e informações sobre a Justiça Eleitoral e o Judiciário como um todo. Por que não fez isso ainda? O que não pode é ficar dizendo que tem e não mostrar.”
Tagliaferro respondeu que tentou recorrer à imprensa, mas não foi ouvido, e disse não confiar em órgãos de investigação que, segundo ele, seriam ligados a Moraes.
Afirmou ainda que foi procurado pelo governo dos Estados Unidos para entregar o material. “Eu não tenho lado político. Enquanto eu tiver vida e liberdade, vou denunciar onde eu puder”, declarou.
Posição de Alexandre de Moraes
Em nota divulgada no início de setembro, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que as solicitações feitas ao TSE para subsidiar inquéritos sobre fake news e milícias digitais são legítimas, já que a Corte tem poder de polícia para elaborar relatórios sobre atividades ilícitas.
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