O Brasil no atoleiro ideológico

*Percival Puggina


É fácil compreender por que o Brasil perde posições nos rankings internacionais e por que, salvo exceções, nossa representação política é tão precária. Todo ano, cerca de 3 milhões de brasileiros festejam sua chegada à maioridade. Em imensa proporção, tiveram suas mentes oprimidas pela “pedagogia do oprimido” e suas potencialidades contidas pelas urgências da “luta política”. Vários anos de “Ideologia para idiotas” enfiada em diferentes conteúdos pedagógicos, impingiu-lhes que a esquerda, sempre moderada, é boa, generosa e bem sucedida e que a direita, sempre extremada, é sinônimo de fascismo. Agora, saiam de dentro da bolha e espiem o resultado.

Basta observar esses jovens para entender que foram vítimas passivas do persistente combate cultural e espiritual travado contra o Ocidente. Aliás, é bom saber que essa foi a linha mais bem sucedida da velha Guerra Fria. É um combate que atacou e continua atacando de modo permanente o Bem, a Verdade, a Justiça e a Beleza. Seu produto final é perversão, falsidade e, claro, o desastre da ética e da estética. Em ambientes universitários, quando bem encaminhada em direção aos próprios fins, essa “cultura” confere aos coletivos e a seus ambientes o conhecido aspecto de legião de zumbis indignados.

Menciono aqui, com pesar, observações que jamais têm o devido destaque fora das redes sociais. É como se para as emissoras e veículos do oficialismo, os pilares da civilização fossem temas superados e estivessem, em fratura exposta, ante os olhos de todos. Regrediram à pedra lascada, isto sim! Mas se veem como sofisticados joalheiros na Amsterdam das ideias.

O consagrado teatrólogo alemão Bertold Brecht, em “A medida punitiva”, depois de prescrever aos comunistas o abandono de toda coerência e o descarte das regras morais e dos sentimentos humanos, conclui: “Quem luta pelo comunismo tem, de todas as virtudes, apenas uma: a de lutar pelo comunismo”.

Capturados pela militância esquerdista, brechtianos sem o saberem, milhões de jovens brasileiros sobre cujos ombros recairia tanta responsabilidade no futuro do país, têm, na própria incoerência, sua “best friend”. Dela lhes vem o inesgotável estoque de pesos e medidas que usam no mesmo modo flex aplicado por certas autoridades da República a preceitos da Constituição Federal.

Estamos assistindo, ao vivo, a tolerância com a corrupção dos companheiros. Há um silêncio nas redações. Ainda que a corrupção seja de uso e benefício privado, fazer de conta que não existe é menos danoso do que reconhecer a culpa. No Brasil de hoje, apesar das provas em contrário, todo direitista é tão culpado quanto Filipe Martins, um inocente; todo esquerdista, tão inocente quanto Nicolás Maduro, um bandido. Essa é a escandalosa lição que as instituições republicanas, em mal ensaiada coreografia, proporcionam à nação.

*Membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Este texto, não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal da Nova. 

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