Brasil registra maior queda de emissões de gases do efeito estufa em 16 anos

Redução fortalece posição do país na COP30, segundo o Observatório do Clima

Luis Gustavo, Da Redação*


O Brasil emitiu 2,145 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO₂e) ao longo de 2024, o que representa uma queda de 16,7% nas emissões brutas de gases do efeito estufa em comparação a 2023, quando foram emitidas 2,576 GtCO₂e. Considerando as emissões líquidas — que descontam a captura de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas — a redução chega a 22%.

 

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (3) pela rede Observatório do Clima, por meio da 13ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). O levantamento apresenta um panorama das emissões no país em 2024, com base em cinco grandes setores: mudança de uso da terra, agropecuária, energia, processos industriais e resíduos.

 

A queda registrada é a maior dos últimos 16 anos e a segunda mais significativa desde o início da série histórica, em 1990. Segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, o desempenho reforça o papel de liderança do Brasil na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começa em 10 de novembro.

 

“Dificilmente teremos dentro do G20 ou entre os dez maiores emissores países chegando à COP30 com um número de redução total de emissões como o que o Brasil apresenta agora”, destacou Astrini.

Mudança de uso da terra lidera emissões

Do total emitido em 2024, 42% vieram da mudança de uso da terra, principalmente do desmatamento, responsável por 98% das emissões do setor. A agropecuária respondeu por 29%, o setor de energia por 20%, enquanto resíduos e processos industriais representaram 5% e 4%, respectivamente.

 

De acordo com Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), desde 2022 há uma tendência de redução nas emissões ligadas à destruição de florestas.

 

“No último ano, tivemos a maior queda nas emissões brutas do setor, com redução de 32%”, afirmou.

Biomas: Pantanal lidera redução proporcional

Entre os biomas, a Amazônia registrou uma queda de 41% nas emissões e o Cerrado, de 20%. O Pantanal apresentou a maior redução proporcional, com diminuição de 66%. Apenas o Pampa teve aumento nas emissões, com crescimento de 6%.

Setores e estados

O setor de agropecuária também apresentou queda, de 0,7%. Já os setores de energia, processos industriais e resíduos registraram aumentos de 0,8%, 2,8% e 3,6%, respectivamente.

 

Entre os estados, Rondônia, Pará e Mato Grosso lideraram a redução das emissões brutas, com quedas de 65%, 44% e 44%. Em contrapartida, Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe apresentaram crescimento nas emissões.

Emissões líquidas e captura de carbono

As emissões líquidas do Brasil em 2024 somaram 1,49 GtCO₂e, após o desconto das remoções de carbono por florestas e áreas protegidas. O setor de uso da terra teve queda de 64% nas emissões líquidas, passando de 685 milhões para 249 milhões de toneladas.

 

Com isso, a agropecuária se tornou o maior emissor líquido do país, representando 42% das emissões líquidas, enquanto o uso da terra passou a responder por 17%.

Queimadas elevam impacto climático

O SEEG não inclui as queimadas que não alteram o uso do solo no cálculo principal das emissões. No entanto, a área queimada em 2024 aumentou significativamente em quase todos os biomas, o que resultou em uma elevação de duas vezes e meia nas emissões líquidas por fogo.

 

“Se as queimadas fossem contabilizadas, o Brasil veria as emissões líquidas no setor de uso do solo praticamente dobrarem”, observou Zimbres.

O resultado geral, segundo o Observatório do Clima, reforça o potencial brasileiro de liderar o debate climático global — desde que mantenha o controle sobre o desmatamento e avance em políticas sustentáveis para energia, agropecuária e resíduos. *Com informações da Agência Brasil.

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