Nacional & Geral / Meio Ambiente
COP30 reforça urgência em conter aquecimento global e aproximar ciência da sociedade
Cientista Marina Hirata alerta que o planeta já se aproxima do limite crítico de 1,5°C e defende comunicação mais acessível sobre a crise climática
Luis Gustavo, Da Redação*
Um dos principais temas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) é o compromisso dos países em conter o aquecimento global, conforme previsto no Acordo de Paris, que estabelece o limite de aumento da temperatura média global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Para alcançar essa meta, as emissões de gases de efeito estufa deveriam atingir o pico até 2025 e cair 43% até 2030 — um desafio que, segundo especialistas, já se mostra distante.
A cientista Marina Hirata, membro do conselho científico que assessora a presidência da COP30 e uma das curadoras do Pavilhão de Ciências Planetárias, explica que a temperatura média da Terra já subiu de 15°C para 16,3°C — um aumento de cerca de 1,31°C. O avanço coloca o planeta muito próximo do chamado overshooting, quando o aquecimento ultrapassa temporariamente o limite seguro, com risco de impactos graves e irreversíveis nos sistemas naturais.
“Já deveríamos ter virado a curva das emissões entre 2020 e 2025. Isso não aconteceu. Agora, o esforço é manter esse aumento pelo menor tempo possível”, afirma Hirata. Ela compara o equilíbrio climático ao funcionamento do corpo humano: “Se os corais desaparecem, o oceano aquece e a Amazônia enfrenta secas mais extremas, todo o sistema terrestre enfraquece”.
Além dos compromissos políticos e econômicos, Marina defende a aproximação entre ciência e sociedade como fator essencial para conter o avanço da crise climática. Segundo ela, o pavilhão de ciências da COP30 busca justamente facilitar essa conexão, traduzindo informações técnicas em linguagem acessível.
“Os cientistas têm linguagem muito técnica. Precisamos aprender a nos comunicar melhor e trabalhar em pares, como jornalistas e cientistas”, disse. “Traduzir conceitos como ‘ponto de não retorno’ para o cotidiano das pessoas é essencial. Um motoboy me disse que não dá para pensar no fim do mundo quando ele precisa pensar no fim do mês. Precisamos trazer a crise climática para a realidade das pessoas.”
Marina também ressalta o papel das ações coletivas — desde a mobilização social até atitudes cotidianas — como parte fundamental da mudança. “O ser humano funciona muito em efeito manada. Precisamos agir no nosso cotidiano e inspirar outras pessoas. Iniciativas que integram cientistas em torno de uma mesma mensagem são muito efetivas. Precisamos amplificar esses temas e levá-los à sociedade”, conclui. *Com informações da Agência Brasil.
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