Polícia indicia ex-prefeito e mais oito por desvio de R$ 23 milhões em Maracaju

Inquérito foi concluído e enviado pelo Dracco ao Ministério Público; quatro estão presos

Campo Grande News


Foi concluído nesta terça-feira (5) e enviado ao Ministério Público, o inquérito policial da “Operação Dark Money”, que apura desvio de pelo menos R$ 23 milhões do cofre público do município de Maracaju em 2019 e 2020, os dois últimos anos da administração do ex-prefeito Maurílio Ferreira Azambuja (MDB).

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O “Campo Grande News” apurou que o ex-prefeito e mais oito suspeitos de envolvimento no desvio milionário feito através de "conta fantasma” foram indiciados. Os crimes são de organização criminosa, falsidade ideológica, peculato, emprego irregular de verbas ou rendas públicas e lavagem/ocultação de valores.

Foram indiciados o ex-secretário de Fazenda Lenilso Carvalho Antunes (apontado como braço direito do então prefeito no esquema) e Daiana Cristina Kuhn, que ocupou cargo de chefia na pasta e também foi secretária de Fazenda quando Lenilso pediu exoneração para ser candidato a prefeito em 2020.

Outro indiciado é Edimilson Alves Fernandes. Ele comandou o setor de licitações da prefeitura e foi apontado pela polícia como peça-chave no esquema.

 Dinheiro apreendido durante operação Dark Money em cidade de Maracaju - Foto: Polícia Civil/Divulgação

Também foram indiciados o empresário Pedro Everson Amaral Pinto, dono de uma tapeçaria em Maracaju e acusado de trocar os cheques da conta secreta; a ex-servidora contratada Iasmim Cristaldo Cardoso; Moisés Freitas Victor, que trabalhou na tapeçaria de Pedro Everson; Fernando Martinelli Sartori, genro do empresário, e Victor Henrique Kuhn, irmão de Daiana e um dos “laranjas” do esquema.

Lenilson, Daiana, Edimilson e Pedro Everson continuam presos. Maurílio Azambuja, Iasmin, Fernando e Moisés cumprem prisão domiciliar monitorados por tornozeleira eletrônica. Victor Henrique Kuhn é o único que está solto, pois a polícia não pediu a prisão preventiva dele.

Deflagrada no dia 22 de setembro, a operação é comandada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado). Agora, caberá ao MP (Ministério Público) oferecer denúncia contra os indiciados. Se a denúncia for afeita pelo Poder Judiciário, todos passam a figurar como réus.

A reportagem apurou que mesmo com a conclusão do primeiro inquérito, as investigações continuam por meio de outro procedimento para apurar o destino de cheques e mais favorecidos relacionados à conta “fantasma”.

 Um dos locais onde policiais do Dracco cumpriram mandados em Maracaju - Foto: Polícia Civil/Divulgação

O esquema 

O desvio através da "conta fantasma” contava com a participação de 19 empresas, também investigadas no âmbito da Operação Dark Money. Quinze delas receberam dinheiro da prefeitura, mesmo sem qualquer contratação formal com o município, sem licitação e sem notas fiscais.

A campeã em recebimentos foi a Pré-Moldados Maracaju, que teria como sócio Edmilson Alves Fernandes, chefe do setor de licitações na gestão de Maurílio Azambuja. Segundo o Dracco, a empresa teria recebido R$ 876,1 mil em cheques. A Pedro Everson do Amaral Pinto ME, que tem como nome fantasia Tapeçaria Lobo, teria recebido R$ 354,4 mil.

Em depoimento à polícia três dias depois de se apresentar e ficar preso, Maurílio Azambuja disse que confiava nos assessores e assinava os cheques pensando ser para pagar servidores. Médico, ele tem 73 anos e administrou o município por três mandados – de 2005 a 2008, de 2013 a 2016 e de 2017 a 2020.

Na primeira fase da operação, 75 lâminas de cheque foram analisadas, junto ao Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro - Foto: Polícia Civil/Divulgação

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